Começou nesta segunda-feira em Não-Me-Toque uma das feiras mais importantes do agronegócio brasileiro, a Expodireto Cotrijal. Neste ano, a pauta da feira está bastante focada em dois assuntos que têm preocupado os agricultores: a estiagem que atinge o Estado e os conflitos no leste europeu, que têm impacto direto nos fertilizantes e em matérias-primas essenciais para o setor agrícola. Além disso, fala-se também muito em inovação para o campo, com novas tecnologias e equipamentos para aumentar a produtividade e a agilidade do processo. Esses foram alguns do assuntos que a coluna abordou com Nei Manica, presidente da Expodireto-Cotrijal, durante as entrevistas para o Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, e o Jornal do Almoço, da RBS TV. Confira:
Tem expectativa muito grande pela liberação de verbas por parte do governo federal para ajudar os produtores que enfrentam os efeitos da estiagem. A perspectiva é de que venham à Expodireto integrantes do governo, a ministra da agricultura Tereza Cristina, e que tenhamos o anúncio?
É lógico. Já fazem dois meses que a ministra esteve no Rio Grande do Sul, algumas medidas foram anunciadas, mas ainda falta muita coisa. No domingo, a ministra nos ligou falando que não estaria na abertura. Nem ela, nem o presidente, mas que estariam viabilizando a vinda durante a semana. Nós esperamos que a ministra esteja aqui, como todos os outros ministros. Nunca faltou ninguém na Expodireto, principalmente em um ano com seca no Rio Grande do Sul, para que sejam anunciadas medidas. E que o presidente também compareça para ver a pujança do agronegócio brasileiro no Rio Grande do Sul.
Além da estiagem, outro desafio é o conflito no leste europeu, entre Rússia e Ucrânia, países com forte relação comercial com o agronegócio gaúcho. Como isso está influenciando no planejando para as próximas safras? E o que já estamos sentido de efeitos?
Isso é, realmente, muito preocupante. Estamos torcendo para que haja uma pacificação. Mas realmente, já tem um reflexo muito negativo, que é o aumento dos preços dos insumos. Uma notícia boa, que alivia um pouco, é que Putin diz que o Brasil estaria fora dos países de restrições. Isso ajuda um pouco, mas não resolve. O que precisamos é equacionar os custos de produção, para que o produtor possa fazer uma boa safra de inverno, porque temos ainda condição de atender. Se não normalizar, vamos ter um problema no futuro muito sério, sim.
Temos que falar também de irrigação. Temos medidas que precisam ser imediatas, mas é preciso falar de longo prazo. Como fazer andar a irrigação de forma acelerada para não enfrentarmos as estiagens futuras como se enfrenta hoje?
O grande problema é que quando há um problema, se discute o momento, e não a questão estrutural. Nós precisamos discutir a questão ambiental com muito equilíbrio, preservando o meio ambiente, mas dando condições para retenção de água. Na sexta-feira, teremos uma grande audiência pública para que isso seja discutido. Precisamos não apontar problemas, mas buscar soluções. Acreditamos que aqui da Expodireto, como em muitas outras edições, saíram fortes reivindicações, bem elaboradas, para que sejam tomadas ações. Precisamos fazer um plano estrutural, e não emergencial. Chega de fazer reunião para marcar reunião, vamos fazer reunião para resolver nossos problemas.
Ainda na questão da irrigação. Acompanho essa situação há mais de 15 anos. Já vi outras estiagens, outras discussões. O que temos agora que nos sinaliza que, neste momento, podemos avançar nisso?
O grande problema é que quando se discute um assunto na crise, no dia seguinte ninguém mais lembra. Tem uma comissão, mas precisamos de lideranças que puxem esse processo. Parar de fazer reunião para marcar reunião. Nós temos que fazer ações. Resolver os problemas. Se não, o Brasil não vai para frente. O que nós queremos é ajudar a aperfeiçoar, para o Rio Grande crescer, gerar emprego, renda, produção. Não queremos nada de beneficies. O governo federal tem que agir, tem que fazer acontecer. O Rio Grande do Sul tem que fazer acontecer. Nós, do agronegócio, do setor privado, fazemos acontecer. O governo faz? Faz, mas muito lento.
E a questão dos fertilizantes. A ministra Tereza Cristina falou que vai para o Canadá, também para buscar potássio. A associação do setor diz que tem mais três meses de estoque. A Rússia disse que vai suspender a exportação, mas não colocou o Brasil na lista. Dentro de todos esses sinais, qual a preocupação do agronegócio gaúcho para a questão dos fertilizantes?
A guerra é preocupante. A Rússia é um dos maiores fornecedores de matéria-prima, de fertilizantes, potássios. O que nós temos, e a Rússia anunciou, é que o Brasil não estaria nos países de restrições. Então, se isso realmente ocorrer, vamos ter menos dificuldades, mas vamos ter um grande aumento de custo de produção. Porque os insumos estão aumento muito em virtude da crise. E aí, é uma observação, nós temos que ter cuidado para empresa não dizer que não tem matéria-prima para aumentar o preço, mas na verdade se tem. Temos que acompanhar isso de perto, porque isso gera inflação.
Agora, tecnologia. O senhor falou que terá muita tecnologia na Expodireto. O que o senhor tem para exemplificar para nós?
Primeiramente, as empresas, grande maioria, vêm com novidades. Inovação e tecnologia muito ampla. Setor de máquinas, plantadeiras, pulverizadoras. Na área de produção vegetal, onde temos as variedades, as cultivadas com maios resistência à seca, mais potencial de produtividade. Temos todo esse conjunto. E a grande novidade e inovação na feira, a nossa arena digital. Em 2020 nós inauguramos ela, esse ano ampliamos. Está realmente uma maravilha. São mais de 50 empresas lá. Temos espaço externo para apresentação de drones, um equipamento muito importante para nossa agricultura.
O que o drone faz no campo?
Hoje temos países em que o drone se abastece automaticamente, vai na lavoura, programa, pulveriza e volta. Realmente, é uma revolução. É como a Kodak. Quando ela se acordou, ela desapareceu porque não acompanhou a evolução. Nesse sentido, a pulverização aérea vai ser muito importante. Além disso, nós, a Cotrijal, Expodireto, construímos uma grande plataforma digital, com mais de 50 empresas, para dar oportunidade de qualquer pessoa no mundo, procurando nossa função híbrida, para acessar a Expodireto, navegar nela, acessar a empresa, conversar com expositor, fazer seu relacionamento, seu negócio.
É quase a Expodireto no metaverso?
É, com certeza. Mas temos que lembrar que a presencial é insubstituível, porque o produtor vem aqui, enxerga, faz o contato, vê. Vamos ter, com certeza, nossa Expodireto sempre presencial, e agregando essa parte híbrida, que vai crescer a visualização da Expodireto no mundo, oportunizar os expositores a se comunicar com o mundo, fazer negócios. Vamos ter um salto muito grande em termos de negócio e também de divulgação do agronegócio.
Ouça a entrevista para o programa Gaúcha Atualidade:
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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