Mais um indicador decepcionou nesta semana, além das vendas do varejo. O setor de mais peso no PIB, serviços recuaram 0,6% em setembro sobre agosto no país. O mercado financeiro apostava em alta de 0,5%, porque, talvez, a atividade estivesse puxando o consumo do varejo já que ela teve uma retração bem mais forte na pandemia. Mas não.
E, aliás, a análise é de que ela também está sofrendo as consequências da inflação, pela alta nos preços e pelo comprometimento da renda do consumidor. Querosene de aviação subiu 91%, e o transporte de passageiros foi uma das quedas que puxaram o setor de serviços. Transporte de cargas também teve recuo, sendo que o segmento tem o diesel - que sobe com a gasolina - como seu principal custo.
No Rio Grande do Sul, a queda foi mais forte, de -1,3%. E foi o primeiro recuo no setor desde março, quando começou a reabertura após o agravamento da pandemia, conforme o monitoramento mensal feito pelo IBGE.
- Creio que alguma acomodação no indicador era esperada, pois o setor de serviços — o mais afetado pela pandemia de uma forma geral — já estava acima do patamar pré-pandemia. Hoje, por exemplo, o índice segue 3,6% acima de fevereiro de 2020. Entendo que temos observado um processo de aceleração da inflação também no segmento com a reabertura dos negócios. Muitos estabelecimentos estão tentando recompor parte do estreitamento das margens para sobreviver - comenta Oscar Frank, economista-chefe da CDL Porto Alegre.
Em relação a setembro de 2020, a alta é forte, de +18,8%, mas a base de comparação é muito baixa, pelos impactos da crise. O turismo cresceu 65,1%. No acumulado do ano, o avanço é de 12,3%.
Com o desempenho do setor de serviços, o IBGE encerra as divulgações mensais de setembro e, portanto, do terceiro trimestre. Os dados serão usados pelo Banco Central e pelo IBGE para calcular o resultado da economia geral e do PIB nos próximos dias.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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