A inflação chegou com tudo ao varejo. Não só nos preços ao consumidor - onde já aparece há tempos -, mas nos indicadores de vendas. O comércio brasileiro vendeu 1,3% menos em setembro do que em agosto, queda bem superior à projetada pelo mercado financeiro. No Rio Grande do Sul, a queda identificada pelo IBGE foi ainda mais intensa, de -1,9%, após ter registrado recuo de 5,5% no mês anterior.
"A média móvel trimestral também teve variação de -1,9%. Na comparação com setembro de 2020, o comércio varejista gaúcho teve queda de 1,7%, depois de recuar 1,1% em agosto. O acumulado no ano ficou em 3,1% e o acumulado em 12 meses foi de 1,9%.", diz o comunicado do instituto.
No comércio varejista ampliado, os dois segmentos registraram queda em relação a setembro de 2020. Material de construção recuou 15,4% e Veículos e motos, partes e peças caiu 5,2%.
Além dos produtos mais caros, a renda do consumidor está menor e comprometida com contas difíceis de fugir, como gasolina, energia elétrica e gás de cozinha. Estes itens, sozinhos, respondem por mais de um terço da inflação de 10,67% acumulada em 12 meses no país.
- É uma alta de preços generalizada. Insumos mais escassos - e caros - para a produção também de eletrodomésticos e materiais de escritório e informática. Existe um componente da crise logística que estamos vivendo. Também não dá para desconsiderar a demanda aquecida e as restrições de oferta, que resultam em preços altos. É a manifestação dos efeitos dos trilhões de recursos que foram despejados ao redor do mundo para alavancar a retomada da economia - comenta Oscar Frank, economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL POA).
O que chama a atenção da coluna é a queda de venda de produtos com a chamada "demanda inelástica". Ou seja, é difícil apresentarem quedas significativas de consumo. Nesta linha, destaque para os combustíveis e alimentos:
- O fator determinante é a inflação. Isso fica claro quando comparamos a queda de 1,3% no volume e a variação de - 0,2% na receita, estável. O componente que joga o volume para baixo é a inflação. As mercadorias subiram de preço. Em combustíveis e lubrificantes, por exemplo, a receita foi -0,1%, totalmente estável, e o volume caiu 2,6%. O mesmo vale para Hiper e supermercados, que passa de 0,1% de receita para -1,5% em volume. Mas o mesmo fator não se aplica a Tecidos, vestuário e calçados que caiu tanto em volume, (-1,1%), quanto na receita com queda ainda maior, sinalizando deflação gerada pela redução da demanda - diz o gerente da pesquisa de comércio, Cristiano Santos.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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