O Grupo Dimed, dono da rede de farmácias Panvel, anuncia nesta terça-feira (26) para o mercado um movimento importante da empresa. Ela troca de nome e passa a se chamar Grupo Panvel, evidenciando a marca do varejo. A estratégia é muito voltada para o mercado de investidores, claro, mas também é direcionada para o público interno e consumidores em geral. A coluna conversou sobre a mudança com o presidente do grupo, Julio Mottin Neto, e com o diretor de Finanças e Relações com Investidores, Antônio Napp. Confira:
Vamos começar com uma novidade que a empresa está apresentando para os funcionários, para o mercado. Qual é?
Em primeiro lugar, fizemos o Panvel Day, quando reforçamos a nossa estratégia para o mercado. Tudo aquilo que prometemos no nosso follow on no ano passado, e houve uma captação significativa de recursos. Colhemos belíssimos resultados nesse pouco mais de um ano. Aproveitamos para consolidar uma questão que há muito tempo se discutia aqui no grupo, que é a mudança da nomenclatura. O varejo, ao longo do tempo, tomou uma proporção muito maior dentro do nosso negócio. Hoje, ele representa 91% do faturamento. Os outros 9% se dividem entre o atacado e a nossa indústria. Entendemos também que o mercado se movimenta cada vez mais para perceber os atributos das empresas, que a marca Panvel possui uma gama importante: inovação, estratégia de ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança), diversidade, sustentabilidade. Entendemos que é um atalho para o mercado, é um atalho para os nossos clientes, para os nossos investidores, para as pessoas que trabalham aqui, que por ventura queiram trabalhar, chamar esse grupo de Grupo Panvel. Muitas vezes, vemos aquelas chamadas "o Grupo Dimed, dono da Panvel". Então, daqui para frente, vai ser vai ser Grupo Panvel.
Inclusive as minhas. Às vezes, eu lia na imprensa nacional "Grupo Dimed", e pensava: "Poxa, é Panvel".
Exatamente. Vai ser importante para todo mundo. Até porque o símbolo da ação hoje já é PNVL, né?
Veja a entrevista em vídeo:
Para os consumidores, vocês são Panvel. A marca Dimed falava mais, acredito, em um ambiente B2B (empresa para empresa) e para os investidores de mercado.
Exato. Essa mudança é para o mercado financeiro, mas é para os nossos consumidores. Acho que existe uma tendência muito grande também de trabalharmos cada vez mais a marca empregadora. Vemos plataformas digitais, como por exemplo o LinkedIn, tendo um crescimento exponencial, e a importância de a empresa estar ali, mostrando as suas estratégias, toda aquela inovação, e gerando desejo nas pessoas de fazerem parte dessa história. Entendemos que trabalhando a marca Panvel, vamos ter a possibilidade de construção de uma marca muito mais imponente, muito mais forte, com essa nomenclatura, do que Grupo Dimed, que precisava explicar que a Panvel fazia parte.
O logo vai mudar também?
Muda. O logo está sendo criado. Em breve, teremos ele para mostrar.
Faz parte de uma estratégia maior da empresa? Inclusive de mercado e bolsa?
Fizemos recentemente a migração para o novo mercado. Foi um movimento importante, melhoramos a nossa governança, expandimos o nosso conselho de administração, temos hoje dois membros independentes. Tivemos a oportunidade de inclusão de uma mulher super competente, que é a Clarice Costa, ex-vice presidente de RH da Renner. E a empresa evidentemente cada vez mais vai querer se relacionar com o mercado, mostrar o que está fazendo. Temos planos bem audaciosos. Existe uma intenção importante de praticamente dobrar o tamanho da empresa até 2025. Mais do que dobrar. É pular de um faturamento de R$ 3 bilhões para um faturamento de R$ 6 bilhões em 2025. Esse é o nosso plano, com pouco mais de 800 lojas em toda região sul do Brasil. Temos um market share (participação de mercado) importante, tanto em Santa Catarina quanto no Paraná. No Paraná, já são hoje 75 lojas. Em Santa Catarina, um pouco mais de 55. E é uma marca conhecida, querida, com atributos já consolidados em ambos os Estados. Então, estamos vendo uma avenida de crescimento importante nos próximos anos pra essa região.
E no Sudeste?
No Sudeste, continuamos expandindo em São Paulo. Mas aí com uma estratégia mais de longo prazo, escolhendo muito bem as lojas que estamos inaugurando, com foco muito grande na classe AB, o que é diferente por exemplo do Rio Grande do Sul. No mercado gaúcho, estamos, através do modelo popular, fazendo um investimento cada vez maior na classe C, porque entendemos que a classe AB, a Panvel já atende muito bem. Temos já uma venda média em São Paulo muito acima da nossa venda média da empresa. São lojas que estão trazendo um resultado bem importante. Temos um mini centro de distribuição na cidade de São Paulo também com um pouco mais de 3 mil metros quadrados que vem fazendo o nosso digital. O nosso digital cresce muito na cidade de São Paulo, evidentemente até pela pouca capilaridade de lojas, o nosso digital representa 60% da nossa venda. Estamos entregando em praticamente toda a cidade de São Paulo em até duas horas, o que é um super diferencial. Então, continuamos com um projeto de longo prazo no Sudeste, mas o nosso foco de adensamento de lojas se situa na região sul do Brasil.
São R$ 3 bilhões para atingir a meta de faturamento. De onde eles virão?
Eles vêm evidentemente da expansão física. Já estamos em vias de concluir o ano com 65 aberturas. Para o ano que vem, também, a projeção é de 65 aberturas. E a partir de 2023, estaremos acelerando. A nossa taxa de abertura nos últimos anos girava em torno de 40 lojas. Então, evidentemente que esse número vem da expansão física. O varejo "farma" depende da expansão física para o crescimento, e vem também do digital. O nosso digital é uma estratégia reconhecida no mercado. Já tínhamos uma participação muito acima da média, praticamente quatro vezes a média de mercado antes da pandemia. Já virávamos em torno de 10% do nosso faturamento em vendas digitais. Com a pandemia , houve uma aceleração importantíssima nessa participação, chegou a beirar os 20% de venda, e vimos que pandemia foi um período muito longo. Sabemos que hábitos novos se desenvolvem dentro de um período de seis meses. Vemos que o cliente está voltando para a loja, mas não está ocorrendo um arrefecimento nessa participação do digital. Continua em patamares muito altos. Estamos navegando hoje em 16% de participação do digital, o que é bem relevante.
As pessoas conheceram a possibilidade e gostaram.
Exatamente. E estão usando de todas as formas. Elas estão usando, comprando, buscando um produto em loja, com isso economizando tempo, porque não precisa pagar o produto, já tem a sacolinha pronta. Elas estão usando para receber em casa também. Existe uma utilização de todas as formas da Panvel hoje, e o consumidor se habituou. A Panvel andou e investiu muito nisso. Entendemos que isso também é uma oportunidade muito importante nossa daqui pra frente. Inclusive, para o ano que vem, a partir de julho, estamos trabalhando um projeto de ampliação do nosso mix de produtos dentro das plataformas digitais. Hoje, trabalhamos com cerca de 15 mil tipos de produtos e vamos, através de uma estratégia de vertical de marketplace focado em saúde e bem-estar, para uma gama de 100 mil tipos de produtos.
E sobre a estratégia de abrir lojas mais populares, em áreas mais populares também?
Está sendo um sucesso muito interessante. Acertamos no modelo, no mix de produtos. As lojas são muito convidativas, são muito promocionais. Elas têm uma gama de produtos com preços muito acessíveis, que junto com a nossa linha de produtos próprios, também é um diferencial importante para essa classe C. Neste ano, das 65 lojas, 18 foram no modelo popular, e estamos muito felizes com essa estratégia. Existe um potencial de crescimento importante nos próximos anos no segmento popular.
Logo mais, assista à entrevista completa com os executivos. A coluna será atualizada com o vídeo.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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