Uma das bandeiras da coluna é a geração de energia renovável. Já publicamos várias notícias e análises sobre energia solar, e agora, vamos além. O programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha) conversou com Rodolfo Meyer, CEO da Portal Solar e conselheiro da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) para saber sobre carros elétricos: sua autonomia, preços, mercado no Brasil e mais. Confira:
Como estão os preços dos carros elétricos?
É natural que, quando você tem uma tecnologia nova no setor, ela comece via veículo de luxo. Então, vemos que as principais fabricantes de veículos de luxo já trazem carros elétricos, como Mercedes, Volvo, BMW. Hoje, os carros elétricos ou híbridos têm, na sua maioria, um valor mais alto. Agora, tem outras fabricantes também, como Nissan, a BYD - que não é tão conhecida no Brasil - têm vans elétricas. São diversas opções, de carros de R$ 80 mil, R$ 120 mil até a faixa de R$ 700 mil, R$ 800 mil. Acho que isso vem impulsionando, e começa a fazer sentido. Assim como a energia solar, no início, muitas pessoas compravam por uma crença de produzir energia limpa, aceitando um retorno de investimento mais longo, o carro elétrico vai um pouco nessa linha. A questão é que os veículos elétricos hoje em dia já têm tecnologias em que é possível, por exemplo, só substituir baterias específicas. Então, não precisa trocar toda a bateria. E produzir o próprio combustível com a luz do sol chega a ser 20%, 25% de um combustível a base de petróleo. Começa a ficar muito barato.
E o que forma esse 25% do preço?
Basicamente, é o custo de energia. Se você for ver quilômetros rodados por quilowatts/hora e o preço do kw/h, e comparar isso com quilômetros rodados por litro, e o preço do litro da gasolina, você acaba rodando a mesma distância com um quarto do valor. Então, é muito mais barato rodar com carro elétrico. Óbvio que podemos falar de produção de energia de uma forma independente. Você tem hoje modelos que pode conectar na tomada da sua casa, sem grandes dificuldades de instalação.
Veja a entrevista em vídeo:
Não precisa ter uma bomba, como bomba de gasolina?
Exatamente. É um carregador simples.
Quando compra o carro, já vem o carregador?
Muitos fabricantes já vendem com esse carregador padrão. Então, quando você viaja, pode conectar esse carro na tomada onde você está estacionado e carregar. A questão é que esses carregadores que vêm junto com os carros têm uma velocidade de carregamento mais devagar do que em um eletroposto. Então, muitas vezes, para você encher a bateria de um carro que roda 400 quilômetros, demoraria oito horas. Provavelmente, carregaria durante a noite. Se estivesse fazendo uma viagem para o Sul, pararia no caminho para dormir e carregaria.
Durante a noite, estaria pagando o ICMS por retirar a energia da rede elétrica. Se conseguir abastecer de dia, até reduz o custo.
Se você tiver um sistema de energia solar em casa, você basicamente não está pagando pela energia produzida. Uma vez instalado, você tem combustível garantido por, pelo menos, 25 anos, sem se preocupar com bandeira tarifária nem nada disso.
Então, se eu comprar um carro que vem com carregador, não preciso mais nada, só botar na tomada?
Exatamente. Você pode escolher comprar separado carregadores com capacidade de carregamento mais rápida. Modelos de carregadores que estão sendo vendidos para autopostos carregam carros em 40 minutos. Óbvio que você tem um preço mais caro por carregadores como esse. Então, o que vem no carro, normalmente, é um carregamento lento, mas que vai dar conta do seu dia a dia.
Esses modelos que já vêm com a possibilidade de carregar direto na tomada são dos mais baratos ou dos mais caros?
Eles são dos mais baratos. É para ser prático. E, na maior parte dos carros elétricos, eles já vêm com cabo elétrico.
Tu tens carro elétrico?
Tenho um híbrido. Ele faz 44 quilômetros só no elétrico. Então, para mim, no dia a dia, só elétrico. Vou no escritório, faço uma reunião, volto para casa. E quando eu pego estrada, eu vou no híbrido, fazendo cerca de 22 quilômetros por litro, porque fica usando o híbrido. Enquanto ele está rodando, vai carregando um pouco da bateira, e tem horas que os dois motores são ativados. Mas olha como estamos atrasados. Eu morei da Austrália de 2006 a 2011, e lá tínhamos frotas de carros híbridos na empresa já em 2009. Era realmente impressionante.
Para eu ter uma ideia, precisa gerar muita energia solar para conseguir abastecer o veículo?
Olha, não é tanto. Vou te dar um exemplo, a Volvo lançou no Brasil o modelo CX40 totalmente elétrico. Ele é um carro que tem bateria de 83 kw/h, e com isso, você consegue rodar 400 quilômetros. Vamos dizer que você rode uns 33 quilômetros por dia, em média, o que vai dar mil quilômetros por mês. Você vai encher 2,5 vezes o tanque de eletricidade. Então, você vai utilizar cerca de 200 quilowatts/hora por mês. Aí no sul, isso seria um sistema de cerca de cinco painéis. Em reais, estamos falando que, para rodar mil quilômetros, você gastaria por volta de R$ 200, usando a energia da distribuidora. Com gasolina, você acabaria gastando por volta de 100 litros, que vai te dar uns R$ 700.
Para eu abastecer o carro com esse modelo, eu precisaria ter cinco painéis só para isso?
Exatamente, que vão ocupar, praticamente, onze metros quadrados de telhado. É pouca coisa.
E algum alerta, ponderação?
Procure entender as opções que tem no mercado, comparar as autonomias. Óbvio que se você está buscando um veículo de luxo, seu principal motivo é outro, e o valor não vai ser tão importante para você. Mas, se você está buscando autonomia, compare muito bem os modelos versus a autonomia. E um conselho: comprar um carro elétrico não é muito difícil, mas produzir sua própria energia elétrica é uma coisa que tem suas peculiaridades. Então, é importante pegar referência de quem você está comprando um sistema de energia solar. Tem muitas empresas entrando no setor, muitas pessoas bem intencionadas, mas, como em qualquer setor, tem pessoas que vão querer tomar vantagem. Então, é importante comparar e ter uma garantia, é um produto que tem que durar por muito tempo, precisa ser uma empresa de reputação, que você fique tranquilo.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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