Com um dos melhores resultados do país, os trabalhadores do Rio Grande do Sul estão, em média, com ganho real zero nas negociações de reajuste salarial em 2021. Isso porque na maior parte dos Estados e na média nacional, as correções nos valores de rendimento dos trabalhadores não têm conseguido nem repor a inflação nos últimos 12 meses. No Rio Grande do Sul, o boletim Salariômetro da Fipe considera já 1.380 negociações em 2021. No país todo, são quase 10 mil, com um reajuste mediano real de -0,2%.
Mas aí o leitor não entende por que não deve comemorar um "aumento" de 10,42% no salário. Se for o reajuste anual, essa correção tão somente repôs o INPC, índice de inflação calculado pelo IBGE considerando o impacto da variação de preços para famílias de até cinco salários mínimos. Ou seja, manteve o poder de compra de uma família média.
É importante que o trabalhador tenha isso em mente. Primeiro, porque precisa entender como a economia funciona e como ela afeta a sua vida financeira. Segundo, porque ele não deve comprometer esse valor extra com despesas novas porque as fixas estão aumentando. Sem falar naqueles que nem conseguem aumentar a renda, como autônomos, informais, servidores sem reajuste, entre outros.
A dificuldade dos sindicatos em negociar reajustes com ganho real está, principalmente, em dois fatores. Um deles é a inflação alta mesmo. O outro é o caixa das empresas em geral, que ainda sente efeitos da crise da pandemia.
Em tempo, lembre-se de que o reajuste dos salários tende a provocar um efeito em cascata também na inflação. O gasto maior com folha de pagamento tende a fazer as empresas aumentarem preços de seus produtos e serviços. É a inércia inflacionária, alertada pelo economista Ely José de Matos, quando a inflação passada se reflete na inflação futura.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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