Dois indicadores divulgados nesta quarta-feira (25) mostram como está difícil para o trabalhador fechar o mês no azul. Enquanto a inflação sobe com força, os reajustes salariais não conseguem acompanhar o aumento de preços. Prévia da inflação oficial de agosto, o IPCA-15 subiu para 0,89%, o maior índice para o mês desde 2002. O acumulado de 12 meses subiu para 9,3%, cada vez mais longe da meta do governo federal. Aqui na região metropolitana de Porto Alegre, segundo o IBGE, o IPCA-15 acumula 10,37%. A principal pressão, disparada, vem da conta de luz, com o reajuste da bandeira vermelha patamar 2, que já era a cobrança mensal extra mais cara. Depois, tem tarifa de água e gasolina como maiores pesos que o consumidor está sentindo.
Com a inflação desse jeito e com a crise ainda atingindo o caixa e o planejamento das empresas, o trabalhador fica pressionado nas negociações de reajustes salariais. Julho foi o pior mês, dos últimos 12, no Boletim Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Com um reajuste mediano de 7,6%, mas uma inflação de referência acumulando 9,2%, houve perda real nos salários de 1,6%. Para as negociações, costuma ser usado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) — que mede a inflação para famílias com renda entre um e cinco salários mínimos. O indicador sente mais com aumentos de preços em despesas domésticas, como alimentação e energia. Ele também é calculado pelo IBGE, mas, diferentemente do IPCA, é divulgado somente do mês fechado.
Cabe observar que estamos falando ainda de trabalhadores que têm carteira assinada e reajustes anuais. O mercado de trabalho no Brasil tem um grau alto de informalidade, abrangendo pessoas quem nem alcançam um reajuste anual, mesmo que inferior à inflação.
Apesar de o ministro da Economia, Paulo Guedes, ter dito que a inflação está sob controle, ela tem dado um trabalhão ao Banco Central. A autoridade monetária está precisando apertar a política monetária com elevação de juro. O crédito mais caro trava a economia. Aliás, o varejo está cada vez mais preocupado com a inflação corroendo a renda das famílias, que estão gastando mais com luz e gasolina e cortando o consumo de outros itens.
Para fechar, uma breve análise de João Fernandes, da Quantitas Asset, sobre a inflação divulgada hoje:
"Qualitativo pior que o esperado. Núcleos ficaram estáveis num patamar alto (se esperava que cedesse). Difusão explodiu. Serviços vieram melhor que o anterior, mas acima do nosso cenário e também do de mercado. Bens duráveis principalmente puxando a alta, mas semiduráveis (vestuário) também pioraram bem e contra a sazonalidade. Bens a surpresa veio nos automóveis novos e usados, mobiliário e vestuário. Não só não devolveram a alta mais forte do último IPCA, como aceleraram. Nos serviços a direção foi pra baixo, como esperado, ainda que num nível mais alto que o esperado. Alimentação fora veio em linha. Serviços Pessoais foi a abertura que veio pior."
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Francine Silva (francine.silva@rdgaucha.com.br)
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