Tradicional indústria do Rio Grande do Sul, a fabricante de ônibus Marcopolo está inserida em um segmento que sofreu muito com a pandemia, o de transporte coletivo de passageiros. Mesmo assim, a empresa buscou alternativas para a retomada que o setor começa a ter. Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, o CEO James Bellini falou sobre a retomada da produção após as férias coletivas, projeção de bons números para o quarto trimestre, mudanças no mercado e alta dos insumos. Confira:
Inserida em um setor que sofreu tanto, como está o cenário da companhia agora com a perspectiva de retomada do turismo, os ônibus que serão vendidos para o Caminho da Escola e os produtos que a Marcopolo lançou na pandemia?
Realmente, esse período de pandemia, praticamente um ano e meio, foi de fato muito difícil. Imagina que o nosso negócio se trata de transportar pessoas em espaços confinados. Bom, durante pandemia, nós tivemos que tomar algumas medidas muito fortes para poder manter a empresa funcionando. Tivemos que fazer uma redução significativa no quadro de pessoal, na estrutura da empresa. Porém, agora estamos começando a enxergar de fato uma tendência de recuperação bem significativa. Nesse tempo todo, nós não ficamos parados e, sim, desenvolvemos vários produtos, seguimos trabalhando. No ano passado ainda, lançamos a plataforma BioSafe, que era uma maneira de ter mais segurança para as pessoas que necessitavam de transporte. Foi um sucesso, conseguimos incorporar isso em praticamente 90% dos ônibus que vendemos nesse período. Além disso, tivemos o lançamento do novo Volare, do New Attack, do Viaggio 800, que é um um ônibus desenvolvido para o setor de fretamento, basicamente o único que cresceu. E recentemente, também tivemos o lançamento do G8, nossa nova geração de ônibus rodoviários, que de fato está ajudando inclusive na recuperação no incentivo aos operadores, aos nossos clientes de iniciarem o processo de retomada.
Qual é a expectativa para o turismo agora que a vida está começando a voltar ao normal com a vacinação?
Temos uma expectativa muito grande, porque a verdade é que ninguém mais aguenta ficar em casa. O processo de vacinação está avançando a passos largos, e temos percebido que as pessoas querem viajar. Por outro lado, a frota dos aviões das companhias aéreas está muito reduzida e continuará por um bom tempo. Isso tudo indica que as pessoas viajarão de ônibus. Temos percebido isso até nas conversas do dia a dia com os clientes, no aumento significativo na compra de passagens e, principalmente, nas reservas para viagens de final de ano. Para vocês terem uma ideia, o lançamento do G8 foi tão expressivo no mercado que nós já vendemos mais de 200 ônibus. Mais de 40 empresas já compraram o produto, grande parte delas é do turismo.
Outra proposta que avança é dos aplicativos para transporte coletivo. Seria um mercado interessante para a Marcopolo?
Precisamos manter a fábrica operando. Então, temos que vender para todo mundo. A questão das discussões judiciais tem muito a ver com o negócio propriamente dito, da regulamentação do setor. Então, empresas mais regulares estão se sentindo atacadas por essas empresas de aplicativo, e estão recorrendo dentro do que elas julgam ser do direito delas. Mas é uma tendência que está ocorrendo. Eu acredito que, uma vez que todo o transporte esteja em um patamar mínimo de regulação e que as regras sejam claras para todo mundo, esse movimento possa ser positivo ao estabelecer uma competição justa.
Vocês estão voltando de férias coletivas. Como está o fornecimento de insumos, principalmente do aço? Como estão trabalhando com o aumento de custo de produção para formar preço e prazo de entrega?
Com relação ao fornecimento de insumos, agora deu uma melhorada em aço e insumos mais básicos. O maior problema é a crise dos semicondutores, aqueles componentes eletrônicos. Nós entendemos que isso deva se regularizar somente a partir da metade do ano que vem. É uma crise mundial. Temos escutado muito sobre isso e não podemos nos enganar, acho que isso realmente vai continuar sendo uma dificuldade. Com relação a vendas desse trimestre agora, nós já estamos com a fábrica cheia até o final do ano. Isso é um sinal interessante, que realmente demonstra que o mercado está otimista e apontando de fato para uma recuperação.
Ouça a entrevista completa em áudio:
*Com Rosane de Oliveira
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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