A agenda do governador Eduardo Leite aqui na Ásia tem foco predominantemente econômico. A ideia é apresentar o Rio Grande do Sul para quem decide os investimentos das multinacionais, de carros, eletrônicos, hidrogênio, entre outros. O Japão é potência em tecnologia e tem crédito barato, enquanto a China é a segunda maior economia do mundo e já é, há anos, o maior destino das exportações gaúchas.
Como provocar que cogitem o Rio Grande do Sul para investir e não apenas comprar?
É claro que investidores internacionais, ao olharem para o Brasil e para a América Latina, miram grandes centros, como São Paulo. Ou aquilo que internacionalmente é mais consagrado, como a Amazônia. É muito importante estarmos aqui posicionando: "olha, tem um Estado no sul do Brasil que é a sexta população, mas é a quarta economia, que é líder em inovação, que tem as melhores universidades, tem os melhores parques tecnológicos, está no centro do Mercosul." Precisa dizer isso, bater muito forte nessa tecla.
E o que percebe que seria um atrativo maior para as empresas e que pretende buscar após o retorno?
O mais determinante é regulamentação. Por exemplo, aqui foi mencionada a questão do marco regulatório para energia offshore (com aerogeradores instalados em água). É crítico. Temos observado isso em outras áreas também. A grande oportunidade que o Brasil tem na transição energética é justamente sair na frente garantindo o ambiente regulatório para que os investimentos aconteçam. Energia offshore precisa ter regulamentação do espaço marítimo para que os investimentos aconteçam. Os datas centers que também estamos conversando para investimentos no Estado dependem também de regulação do setor sobre proteção de dados (o marco legal da inteligência artificial). É uma tarefa que cabe ao Congresso, não diretamente ao governo do Estado, mas pela qual teremos que fazer um esforço concentrado em Brasília para que os parlamentares se debrucem sobre esses temas.
Como o Estado está se posicionamento para conquistar investimentos altos, como os de hidrogênio verde?
Um dos pontos que também estamos apresentando para as empresas é o de um projeto de lei que acabamos de encaminhar para a Assembleia Legislativa e esperamos que se transforme em diferencial adicional, inclusive para uma futura fábrica de hidrogênio. É a transformação do escopo da Cadip (Caixa de Administração da Dívida Pública Estadual) para que possa fazer o Estado entrar como parceiro em investimentos. O Estado poderá se associar com uma parcela que não passe dos 10% do investimento necessário. Ou seja, além de subsidiarmos juros e empréstimos em financiamentos e dos incentivos fiscais, estamos criando uma nova ferramenta, que é a possibilidade de associação do Estado nos investimentos. De alguma forma, é inspirado no BNDESPar (subsidiária do banco), termos uma estrutura em que o Estado se associa a um investimento, não para ter controle, mas para ser um diferencial nas tomadas de decisão.
A coluna fará a cobertura da missão gaúcha à Ásia para Rádio Gaúcha, Zero Hora e RBS TV. Acompanhe aqui o que é publicado em GZH.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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