Responsável pelo Setor de Promoção Comercial da Embaixada do Brasil no Japão, Thiago Poggio Padua fez uma longa apresentação à comitiva gaúcha aqui em Tóquio sobre a economia japonesa e oportunidades de negócios para o Rio Grande do Sul. O Japão compra apenas 1,3% da exportação gaúcha, o que representa, no acumulado de 2024, US$ 228 milhões. Ocupa o 18º lugar entre os destinos. Apesar da pequena relação comercial, o país asiático é a quarta maior economia do mundo e tem um dos menores juros, o que dá potencial alto de investimento, especialmente em energia.
Quais oportunidades o Rio Grande do Sul tem no Japão?
É um grande produtor de itens que têm potencial de entrada no Japão, que é um grande consumidor, especialmente de alimentos.
No rito japonês, negociações são mais demoradas...
É muito relevante na cultura japonesa o estabelecimento de uma relação pessoal e de confiança. O parceiro japonês quer saber com quem está tratando e acreditar em uma relação duradoura. É só o primeiro passo, mas um muito importante. A relação se constrói lentamente. Feiras são oportunidades de expor produto e dar início à construção desta relação.
Qual a importância para os negócios de acordos gerais entre Brasil e Japão?
Os acordos criam reduções de tarifas. Os países que ficam de fora, obviamente, estão em desvantagem no potencial de importação. Precisam de competitividade muito maior. Temos dito aos setores privado e público do Brasil o quão importante é fechar este acordo para se ter acesso privilegiado ao mercado japonês e não perder espaço para outros.
Quais setores podem se beneficiar?
Depende dos termos negociados, o que é a dificuldade de avançar na agenda. Nossa carne bovina, por exemplo, não tem acesso ao mercado japonês. Se viermos a ter e não houver acordo, países com tarifária especial estarão na frente. Nossa carne teria acesso por competitividade e qualidade, mas o preço não necessariamente vai compensar.
Fala-se muito de energias renováveis. O que o Japão quer?
O Japão tem muita preocupação com a descarbonização e a limpeza da matriz energética. No caso do SAF (querosene renovável para abastecer aviões), o Japão tem metas ambiciosas já em vigor. Até 2030, a mistura de SAF será de 10% no querosene normal. O país tem infraestrutura preparada para atender a regulamentação. Há indústrias de SAF preparadas, que precisam de insumo. Um deles é o etanol. O de milho é um dos mais eficientes para esta conversão. É uma oportunidade para o Rio Grande do Sul como produtor.
Além de comprar produtos do Rio Grande do Sul, as empresas japonesas podem levar suas fábricas e produzir lá...
Tudo é pauta de negociação entre as empresas privadas potencialmente interessadas. No caso do SAF, para ser produzido no Japão, tem que exportar muito mais etanol do que se produzisse diretamente o combustível no Brasil. Fazer uma fábrica no Brasil pode entrar na negociação, agregando valor ao insumo brasileiro e empregando pessoas lá, além de exportar um produto que ocupa menos espaço.
Saquê tem etanol brasileiro?
É feito de arroz japonês, mas, quando tem álcool adicionado, é o etanol brasileiro. Então, o Brasil já vende etanol ao Japão, com qualidade reconhecida. É de cana de açúcar.
A coluna fará a cobertura da missão gaúcha à Ásia para Rádio Gaúcha, Zero Hora e RBS TV. Acompanhe aqui o que é publicado em GZH.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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