Startup gaúcha, a DigCap compra e vende ações judiciais que ainda não tiveram decisões proferidas pela Justiça. A ideia, por um lado, é captar pessoas que estão com processos em andamento e que precisam do dinheiro no curto prazo. Por outro, busca-se compradores que avaliem que é um investimento com potencial de retorno, apesar do risco alto.
Funciona assim: quem vende recebe o valor estimado na ação judicial com um desconto, que é chamado de deságio. O quanto receberá a menos depende de um cálculo que é feito pela DigCap considerando vários fatores, que vão da fase do processo a quem é o devedor. Já quem compra espera a decisão sair e fica com o que a Justiça mandar pagar (no caso de efetivamente ser pago, claro).
- É como o ganho no mercado financeiro, que se concretiza através dos juros pelo tempo da aplicação. No nosso negócio, o investidor paga na frente com deságio e depois se remunera com o valor integral da ação - explica o advogado Leonardo Stocker, um dos sócios da plataforma.
Além de fazer a mediação da compra e venda de ações judiciais, a DigCap também compra honorários dos advogados utilizando, na outra ponta, investidores.
- Se a decisão judicial do caso adquirido for desfavorável, o investidor perde o investimento. Mas a nossa "jurimetria" permite uma boa assertividade - explica.
Nos dois primeiros anos de atuação, a startup já negociou 300 processos. O tempo médio de análise de cada processo é de 19 dias. Na média, tem um retorno de 55% em período de 141 dias, diz a DigiCap. Para quem vende, pode ser uma opção em tempos de aperto financeiro. Para quem compra, atente-se ao risco da operação.
A coluna também consultou o presidente da seccional gaúcha da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RS), Ricardo Breier, sobre esse tipo de negociação. Ele disse que não há irregularidades, mas enfatiza a necessidade de participação do advogado da ação. Breier também faz questão de alertar que é um investimento de risco.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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