Diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Roberto Vertamatti falou ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, sobre a alta do juro e os impactos disso nas finanças pessoais e das empresas. Confira:
O juro para consumidores e paras empresas começou a subir ainda em dezembro do ano passado, antes de o Banco Central efetivamente começar a a elevar a taxa de juros Selic. Além disso, tem um abismo entre a taxa Selic e a taxa efetiva na ponta. Por que os juros começaram a subir tão antes e por que é tão maior a taxa na ponta final?
Na economia como um todo, as perspectivas futuras também acabam fazendo com que os agentes econômicos se previnam. Os bancos, no final do ano passado, tinham uma perspectiva de aumento na inadimplência, e, em cima disso. eles começaram a aumentar a taxa de juros. Aí, veio a inflação e corroborou esse processo. Você tem razão quando afirmou na pergunta de que há um abismo entre a taxa Selic e a taxa efetiva cobrada pelos juros. Particularmente, no Brasil nós temos alguns componentes importantes que explicam um pouco esse gap. A inadimplência média no Brasil, comparada com Europa e Estados Unidos, é o dobro. Isso é um custo. Outro componente importante é a cunha fiscal. Nós temos uma tributação bastante intensa, forte e pesada em cima dos bancos, e evidentemente eles repassam isso na taxa de juros. Eu diria que esses dois componentes são os mais importantes e que ajudam a explicar esse gap entre a Selic e a taxa efetiva cobrada na ponta.
Além da poupança, quais são as opções para quem pouco dinheiro e quer investir? Que deem retorno acima da inflação.
Eu recomendo sempre, e hoje você consegue fazer uma reserva mensal de R$ 100, aplicar em uma previdência privada. Ela tem portabilidade, modalidades que você pode rever a cada dois meses, se quer mais agressiva, menos agressiva... Eu faço isso e recomendo que todos façam. Para quem tem um pouco dinheiro, se puder reservar pelo menos R$ 100 por mês, faça uma previdência privada. É uma alternativa necessária para todos, porque aposentadoria de INSS é algo que cada vez mais será menor. A reforma foi insuficiente e é um buraco sem fundo para o governo. Então, cada vez mais o INSS não vai ser a alternativa definitiva. Você vai sempre ter que complementar a renda quando você se aposentar. Por isso, aplique desde já em uma previdência privada, que você vai ter um recurso com uma remuneração normalmente acima da inflação. Você tem também aplicações em fundos de imobiliários e também fundos de agronegócio que são interessantes. Aí já precisaria um pouquinho mais de recurso, mas são interessantes porque não têm Imposto de Renda. Isso também seria uma outra alternativa, mas aí já precisaria um pouquinho mais de capital pra você investir nessas modalidades.
Os juros estão subindo para o consumidor e para as empresas, mas são médias. Como eu, como consumidora ou empresa, consigo ter uma taxa de juro menor dentre aquelas que são oferecidas pelas instituições financeiras?
Negociando sempre, buscando comparações sempre entre alternativas. Se você precisa se endividar, busque várias alternativas. Existem no mercado. Para o pequeno consumidor, eu acho que o consignado é ainda a melhor alternativa no Brasil. Você tem também na Caixa Econômica juro bastante interessante, com o depósito que você pode fazer de joias e que você recebe dinheiro. Mas insisto: existem várias alternativas. O importante é a pessoa buscar, procurar, não ficar contente com o que encontrou. Vá verificar, vá comparar. Isso é parte da educação financeira que todos nós precisamos. Sei que é difícil para quem nunca fez, mas começando você acostuma, e cada vez vai ficar mais fácil em você analisando, buscar alternativas melhores. Sim, os juros são altos e ainda devem subir mais um pouco. A expectativa é só no ano que vem voltar a cair um pouco, e, ainda assim, são altos no Brasil. Então, busque sempre alternativas, compare, não fique satisfeito, discuta com o gerente do banco, cuidado com as entrelinhas. Tem sempre uma taxa de crédito, uma taxa disso, uma taxa daquilo. Olhe em detalhes o que está cobrando, porque, nessas pequenas diferenças, pode estar a grande diferença do juro que você está pagando.
Ouça a entrevista completa em áudio:
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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