Era líquida e certa a decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de manter a bandeira vermelha patamar 2 para a cobrança extra nas contas de luz de setembro. O baque maior está por vir. Até terça-feira (31), deve sair o resultado de uma nova rodada de cálculos internos e o valor dessa bandeira deve subir de novo. Há dois meses, ele já foi reajustado em 52%, o que provocou uma alta média de 10% nas contas de luz do morador de Porto Alegre, por exemplo, calculou a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Só que o custo para gerar energia elétrica no país segue aumentando devido à crise hídrica e a piora no regime de chuvas para os próximos meses.
No melhor dos cenários, parece que teremos um aumento dos atuais R$ 9,49 para quase R$ 15 a cada 100 kWh consumidos. Se confirmado, é uma nova alta de cerca de 50%. Mas se fala que o necessário seria R$ 19, dobrando a bandeira tarifária. O cenário de R$ 25, apontado por alguns especialistas, é bastante improvável. Pode ainda ocorrer de a Aneel decidir ao longo da semana que vem, mas com efeitos retroativos para o mês todo.
De um lado, há a certeza de impacto forte na inflação. O ministro da Economia, Paulo Guedes, defende reajuste menor. Apesar das declarações anteriores minimizando o aumento da conta de luz, ele entrou depois no debate. A proposta do Ministério de Minas e Energia foi classificada de "bandeiraço" pela área econômica e levou até o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a entrar nas discussões. Afinal, o Bacen que terá que domar essa inflação depois, aumentando a taxa de juro Selic, o que deixa o crédito mais caro e trava a economia.
O aumento da bandeira em mais 50% levará o IPCA a 8% em 2021 na previsão da Quantitas Asset, gestora de fundos de Porto Alegre. Atualmente, a projeção do economista João Fernandes é de inflação em 7,8% do ano. Já para 2022, a expectativa cai de 4,2% para 4%.
Há quem diga que antecipar a inflação para 2021 seria uma estratégia política. Uma alta menor em 2022 afetaria menos a corrida eleitoral. Mas a Aneel já tem anunciando uma projeção de alta de 16% na conta de luz no ano que vem.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe:
Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Francine Silva (francine.silva@rdgaucha.com.br)
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