O Banco Central terá um trabalhão até o final do ano para conter o impacto dos preços no nosso bolso. A autoridade monetária tem reafirmado incansavelmente que fará tudo para manter a inflação dentro da meta. Definida pelo Conselho Monetário Nacional, o centro dela é 3,75% para 2021, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é de 2,25% e o superior de 5,25%. Agora, vamos ao que está acontecendo. O IPCA está acumulando +9,3% em 12 meses, segundo a divulgação do IBGE desta semana.
No horizonte, aparecem diversas pressões. Uma delas é o dólar, que depois de poucas semanas de trégua, voltou a subir e mantém-se em patamar alto. Há uma mistura de pressão externa e interna. O receio de inflação nos Estados Unidos faz o Federal Reserve (banco central norte-americano) cogitar para breve uma retirada de estímulos à economia. Menos dólares, tendência mundial de alta da moeda. Aqui no Brasil, o impacto é ainda maior porque temos um cenário fiscal, político e econômico que afasta investidores, desvalorizando ainda mais o real. O dólar tem um reflexo enorme na inflação brasileira, que vai da gasolina aos alimentos.
Uma outra pressão grande é da energia elétrica. Os reajustes anuais das tarifas só não estão ficando em dois dígitos pela resistência da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Mas que a bandeira tarifária sente o reflexo da energia mais cara. Deve seguir vermelha patamar 2 - a mais cara - até o final do ano. Em novembro, a situação da chuva deve piorar afetando mais os reservatórios das hidrelétricas. Com isso, o valor da bandeira, que já subiu 52%, deve ser elevado ainda mais, talvez até dobrar. E, para 2022, a Aneel já projeta mais uma alta de 16%.
E como o Banco Central busca controlar a inflação? Ele aperta a política monetária, elevando a taxa de juro Selic. O problema é que isso deixa o crédito mais caro e freia a economia, que batalha por uma retomada após a crise da pandemia. O desafio da autoridade monetária é mesmo grande, como diz o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita:
- O Banco Central está lidando com uma conjuntura que poucas vezes vi em termos de dificuldade.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Francine Silva (francine.silva@rdgaucha.com.br)
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