A escassez de insumos que provocou a falta de carro novo para comprar aumenta preços em outro segmento: o de veículos usados. Estudo da KBB Brasil, empresa especializada em pesquisa de preços de veículos, apontou reajuste médio de 13% no Rio Grande do Sul no primeiro semestre na comparação com o mesmo período do ano passado. Foram considerados carros com idade entre quatro e 10 anos. Ou seja, há grandes chances do seu carro estar valendo mais agora do que há um ano.
A perspectiva também é notada na tabela Fipe, que é usada, por exemplo, para seguradoras definirem o valor do seguro e da indenização. A coluna fez um rápido levantamento no indicador e notou aumentos em veículos populares de cerca de 10% a 15% entre o início do ano e agosto.
— Esse aumento está atrelado ao preço do carro zero quilômetro. Se o carro novo aumentou 10%, 12%, isso replica no seminovo em 5%, 7%. Agora, como está faltando carro novo, a procura por seminovos aumenta, fazendo com que o preço aumente também — explica Ilídio Gonçalves dos Santos, diretor da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto).
Dados da Fenabrave mostram que, até julho, cerca de 8,8 milhões de carros seminovos e usados foram comercializados no Brasil. São 3 milhões a mais do que o mesmo período do ano passado. O aumento, inclusive, também é visto em relação ao acumulado até julho de 2019, no período pré-pandemia, quando foram vendidos cerca de 8,1 milhões de veículos seminovos.
— Em 2020, as vendas de seminovos ficaram reprimidas, e voltaram com força em 2021, superando, inclusive, 2019. As pessoas começaram a procurar carro para que pudessem se transportar com mais tranquilidade e segurança — explica Santos.
O presidente também notou outro movimento curioso, de pessoas que aproveitaram o aumento no preço para vender o carro por um valor maior, e comprar outros mais baratos.
— Com a crise, essas vendas por troca aconteceram bastante. Foi uma forma das pessoas conseguirem um dinheiro de volta para ter um fôlego financeiro.
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Impacto, também, nos seguros
O aumento dos preços dos carros seminovos impacta, também, no seguro. Como o valor do seguro é atrelado à tabela Fipe, dois fenômenos surgem com a alta variação de preços dos veículos seminovos. O primeiro é o aumento no valor do seguro quando for feita a renovação. E o segundo, é que o valor da indenização agora está maior do que o valor acordado pelo seguro no ano passado.
— Tivemos uma indenização integral neste ano de 2021 de Renault Duster que, quando foi feito o seguro, ela valia R$ 58 mil. Agora em julho, a indenização paga foi de R$ 63 mil — exemplifica o corretor Jorge Kath, da Bika Corretora de Seguros.
Se por um lado, o aumento no preço dos carros sobe o valor do seguro, por outro, a queda nos casos de sinistro, quando a seguradora precisa cobrir a indenização dos veículos, diminuiu. É por esse motivo, explica o presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros do Rio Grande do Sul (Sincor-RS), Ricardo Pansera, que as pessoas ainda não sentiram tanto o impacto do aumento no preço dos carros.
— Até agora, o preço dos seguros tem se mantido num patamar estável ao ano passado, justamente por causa dessa conta. A tabela Fipe aumenta, mas houve uma redução dos sinistros. Então, as corretoras têm uma certa flexibilidade para reduzir as taxas — comenta Pansera.
Sobre a compensação entre queda de sinistros e aumento de preço dos carros. o vice-presidente da Minuto Seguros - uma das grandes corretoras online de seguro do país - Manes Erlichman alerta que esse efeito está menor nas últimas semanas com mais pessoas voltando a circular nas ruas:
— Nos próximos meses, vai ficar bem significativo. Não que vá subir mais o preço, mas as pessoas vão notar mais. Além disso, como a tabela Fipe aumentou o preço dos carros nos últimos meses, a indenização também subiu. Então, as seguradoras sobem o preço agora para compensar a perda que tiveram nos últimos meses — finaliza.
Importante lembrar, também, que no dia 1º de setembro entra em vigor uma nova norma para seguros de automóveis, alterando critérios e regras. O maior efeito prático é que o seguro poderá ser mais personalizado dependendo da vontade e da capacidade de pagamento dos donos dos carros. Um exemplo é a flexibilidade de contratar cobertura contra acidentes, mas não para roubo e furto. Saiba mais: O que vai mudar nas regras do seguro de carro para criar opções mais baratas
* Colaborou Daniel Giussani
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Francine Silva (francine.silva@rdgaucha.com.br)
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