A inflação oficial do país veio acima do que se esperava em maio. O IPCA ficou em 0,83%, enquanto o mercado apostava em 0,71%. O acumulado de 12 meses, que é o parâmetro de longo prazo, ficou em 8,06%, se afastando mais ainda da meta do governo federal para 2021.
A energia elétrica foi a principal pressão de alta. Entrou em vigor em maio a bandeira tarifária vermelha patamar 1, com cobrança extra na conta de luz de R$ 4,169 a cada 100 quilowatts-hora consumidos. Entre janeiro e abril, estava valendo a bandeira amarela, cujo acréscimo é menor (R$ 1,343). Só que junho está com bandeira vermelha patamar 2, a cobrança mais alta determinada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Serão R$ 6,243 a cada 100 quilowatts-hora. O motivo é o baixo nível dos reservatórios com o pior regime de chuvas em 91 anos no país, o que exige uma geração de energia mais cara e a importação também. Há o receio, inclusive, de racionamento, o que pode ser uma trava para a retomada da economia.
Já outro grande impacto veio do preço da gasolina, que havia recuado em abril. A pressão vem do etanol anidro. O atraso da safra de cana de açúcar reduziu a oferta do produto que é misturado obrigatoriamente à gasolina. Uma melhora deve ocorrer a partir da segunda metade de junho. Nesta semana, distribuidoras já anunciaram novo aumento para os postos. Não tem ocorrido alteração nos preços dos combustíveis na refinaria, onde a Petrobras define valores. O petróleo está em alta no mercado internacional - atingindo a máxima em dois anos, inclusive - com a retomada de consumo em grandes economias, mas o dólar perde força em relação ao real. Em especial, com as altas de juro pelo Banco Central e, na semana passada, com o resultado do PIB do primeiro trimestre vindo melhor do que o esperado.
Além disso, o economista João Fernandes, da Quantitas Asset, alerta para a "qualidade" do IPCA de maio:
- Segmentos que haviam amenizado as altas após o fechamento de março e abril, serviços reverteram para cima. E os que já estavam altos continuando a romper máximas: bens duráveis e não duráveis. Mesmo os semiduráveis, onde entra vestuário, surpreenderam para baixo, mas ainda em um nível bem alto. Então, não chega a ser um aspecto muito positivo.
Entre os serviços, destaque forte para a alimentação fora de casa (+0,98%). Para o gerente da pesquisa do IBGE, Pedro Kislanov, a alta para comer fora de casa é explicada em parte pelo aumento nos preços das carnes.
- Normalmente, quando se faz uma refeição fora de casa, há mais o consumo de componentes como o pão, a carne e o arroz, por exemplo, do que das frutas. Outro aspecto é o possível aumento de demanda. Abril foi um mês em que houve intensificação das medidas restritivas. Já maio, por ter tido uma abertura maior, pode ter influenciado o aumento da demanda - diz Kislanov.
Porto Alegre
Na região metropolitana de Porto Alegre, o IPCA foi ainda maior, de +1,04% em maio. No acumulado de 12 meses, sobe para 8,20%. No ano passado, registrávamos deflação nesta época.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da colunista
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.