A General Motors (GM) adiou para julho a retomada da produção no complexo automotivo de Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre. Em comunicado enviado a funcionários nesta terça-feira (25), apontou o dia 19 como data provável de retorno ao trabalho. No texto, a montadora informa que a pandemia segue impactando a cadeia de suprimentos. A ideia inicial era voltar em junho, normalizando a fabricação de veículos no mês seguinte.
A informação foi confirmada à coluna pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, Valcir Ascari. Segundo ele, o problema enfrentado de falta de peças não é exclusivo da GM.
- Estamos votando "lay off" todas as semanas, mas são medidas importantes para manter os empregos neste momento - relatou, referindo-se à suspensão de contrato de trabalhadores, medida adotada por empresas que precisam reduzir produção.
A medida inclui todo o complexo da GM em Gravataí. Além da fábrica de veículos, o local tem as sistemistas, que são as fornecedoras da montadora. Estima-se que as empresas, juntas, empreguem 5 mil trabalhadores. Em nota, a montadora diz estar trabalhando com os fornecedores para retomar a produção assim que possível.
A produção na GM está parada desde março, quando a empresa decidiu suspendê-la por três meses. A decisão foi tomada em outras fábricas da Chevrolet no mundo. Executivos da companhia apontaram na ocasião a falta de insumos, principalmente de semicondutores.
O terceiro turno de trabalho em Gravataí, no entanto, segue interrompido desde o início da pandemia, em março de 2020. Um dos impactos foi a queda nas vendas do Ônix, veículo produzido na unidade gaúcha e que passou a perder posições no ranking nacional de vendas.
Procurada, a GM enviou a seguinte nota à coluna:
"A cadeia de suprimentos da indústria automotiva na América do Sul tem sido impactada pelas paradas de produção durante a pandemia e pela recuperação do mercado mais rápida que o esperado. Isso está afetando de forma temporária nosso cronograma de produção no Brasil. Em virtude disso, a produção na fábrica de Gravataí está interrompida desde abril. Estamos trabalhando com nossos fornecedores para mitigar esse impacto e retomar a produção o mais rápido possível."
O tombo de março na indústria do RS
Depois de ter levado um bom número de meses para voltar ao patamar pré-pandemia, a indústria gaúcha teve uma queda tão forte em março, que fez com que o indicador retrocedesse significativamente. Sobre fevereiro, o recuo foi de 7,3%, segundo o monitoramento do IBGE. Com isso, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) calcula que a produção industrial gaúcha voltou a ficar abaixo de fevereiro de 2020, mês anterior à pandemia ter sido declarada. O patamar tinha sido recuperado somente em novembro do ano passado.
"O Rio Grande do Sul voltou a ficar 1,3% abaixo de fev/20, mas devido à intensidade das perdas de fev-mar/21, pois até janeiro superava o pré-pandemia em 8,7%.", acrescenta o Iedi.
Além do Sul, o Iedi viu retrocessos também nas indústrias do nordeste do país. Em parte, o instituto vê impacto da interrupção do auxílio emergencial, que foi retomado em abril. Em março, boa parte do mês foi marcada por novas restrições ao comércio. No entanto, sabe-se que se agrava a falta de insumos, o que provoca um aumento forte de preços.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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