A discussão sobre a volta às aulas presenciais avançou. Como noticiou a colega Rosane de Oliveira, saiu decreto que autoriza retomada na Educação Infantil e no primeiro e segundo ano do Ensino Fundamental nos municípios que adotaram o sistema de cogestão e estão aplicando, para outros setores, os protocolos de bandeira vermelha do modelo de distanciamento controlado. O assunto foge do meu "território econômico" em GZH, mas sou mãe da Atena, de 7 anos, alfabetizada pelo ensino remoto, e do Gael, de 5 anos, que faz dois dos seus três anos de Educação Infantil com aulas pela internet.
Tenho ciência do questionamento se as escolas, especialmente as públicas, têm condições de cumprir protocolos sanitários. Meus filhos estudam em colégios privados, e eu estou confiando nos protocolos que eles nos apresentam desde o ano passado. Estou ciente, também, de que não existe distanciamento entre crianças na Educação Infantil. E, pontualmente, também em outros níveis de ensino. Dito isso, pergunto: vocês já definiram os - ênfase - protocolos familiares para um retorno mais seguro? Estão dispostos, por exemplo, a adiar confraternizações para priorizar a educação? Reduzir circulação do vírus e os escapes para variantes, que poderão ser mais nocivas às crianças? Eu estou! Educação presencial seria a nossa prioridade. Não, não estou jogando a responsabilidade em cima das famílias. É mais uma situação em que não se busca culpados, mas em que todos precisam fazer o máximo que puderem para vencermos. Será que aprendemos a priorizar a exposição ao vírus?
As crianças não vão para a escola e ficarão lá sem sair até a vacinação atingir 70% da população. Elas seguirão indo para casa. Se os pais precisam trabalhar na rua, é inevitável e precisa ser um risco consciente e controlado. Mas a família participar de festas, fazer aglomerações fora do núcleo ou da bolha social, ou não ter os cuidados básicos, como o uso de máscaras, pode comprometer a volta às aulas. No início do ano, havíamos decidido que nossos filhos voltariam à escola, mas desistimos com as aglomerações que víamos no verão nas nossas redes sociais e que acabaram por ajudar a provocar a situação que vivenciamos na pandemia, que acabou, depois, por cancelar as aulas. Os ajuntamentos nos stories no Carnaval me entristeciam.
Sobre a volta agora, ainda não decidimos. Nossa tendência é de enviá-los à escola se quiserem, porque são compreensivos, mas não são pedras. Ver colegas na sala de aula do outro lado da tela dói no coraçãozinho deles. Será um risco calculado.
Por que um risco? Porque eu ainda não confio nos protocolos familiares da sociedade. Na primeira semana de janeiro, escrevi uma coluna perguntando se o início da vacinação no mundo faria as pessoas afrouxarem ou apertarem cuidados. Afrouxaram, com "meia dúzia de gatos pingados vacinados". E agora? Avós e tios vacinados, alguns profissionais também... As crianças são menos afetadas pelo vírus agora, mas já vimos que o coronavírus se adapta com força quando sente necessidade para sobreviver. Nada impede que novas variantes surjam e sejam nocivas para os pequenos. O virologista Fernando Spilki, coordenador da Rede Corona-ômica.BR do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações - que rastreia as mutações do vírus -, sempre alerta que o ambiente que reúne imunizados e não imunizados gera escapes para criação de novas variantes. É a busca do vírus pela sobrevivência.
- Tem que ter circulação baixa do vírus fora da escola e, dentro, é preciso tomar cuidados enormes sobre quantos alunos estarão em sala de aula, que, de preferência, não fiquem todo o período da aula porque o tempo de contato é relevante, que os espaços estejam arejados. Mesmo com com a vacinação dos professores, é importante que se considere o contexto de que há uma população da escola em risco do vírus ou de transmitir o vírus. Quer pensar na escola? Tem que pensar o horizonte fora da escola, como está o vírus fora da escola, enquanto a vacinação não estiver universalizada - diz Spilki em uma conversa com a colunista na sua versão "mãe".
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.