Indústria de borracha de Santa Cruz do Sul fundada há 97 anos e que se voltou às áreas de saúde e educação, a Mercur está em busca de startups, universidades e empresas parceiras para acelerar seu projeto de inovação. Para isso, listou uma série de necessidades e abriu um "Portal de Inovação" no seu site, onde organizações podem se cadastrar para apresentar as suas soluções e fechar um possível negócio com o grupo.
— Queremos nos conectar com esse ecossistema de inovação para "cocriar" (iniciativas conduzidas em conjunto) soluções que atendam necessidades das pessoas e conversem com a realidade e objetivos da Mercur — afirma Cássia Hoelzel, uma das pessoas à frente do projeto.
A empresa está buscando por soluções para as seguintes demandas:
- Diminuição do uso de plástico. Exemplo: startup que desenvolva material tecnológico 100% renovável capaz de substituir o plástico usado em embalagens.
- Aplicações de realidade aumentada. Exemplo: empresa que desenvolva projetos de realidade aumentada para nas embalagens dos produtos, abordando educação ambiental ou outros temas.
- Tecnologia embarcada. Exemplo: universidade que pesquise um mecanismo capaz de desenvolver um dispositivo antiquedas ou acompanhar sinais vitais em uma muleta.
- Novas lógicas de distribuição. Exemplo: ideias para distribuir produtos com transportes alternativos, como bicicletas.
A lista acima traz exemplos, mas a Mercur está aberta aos mais variados tipos de projetos e produtos. Startups, empresas consolidadas, universidades e pessoas que quiserem se conectar com a empresa podem se cadastrar no Portal da Inovação.
A virada de chave
Os leitores da coluna já conhecem a mudança profunda feita na Mercur, uma virada de chave que teve início em 2008. Com sede em Santa Cruz do Sul, a empresa foi criada em 1924 para buscar na borracha as soluções para problemas enfrentados na economia local, já que os fundadores não precisavam da renda. Jorge Hoelzel é da terceira geração da família, conduz o negócio hoje e disse que esta origem foi um dos motivos para a guinada. Tudo começou quando se questionou o que aconteceria com o mundo se a Mercur acabasse. A resposta, até então, era: nada.
— Éramos muito bons no econômico-financeiro, mas precisávamos olhar para os pilares social e ambiental.— explica o empresário, que trouxe para a empresa valores que segue na vida pessoal.
Uma das ações mais delicadas foi suspender a venda para a indústria do fumo, considerando que a Mercur tem fábrica em Santa Cruz do Sul. Depois, interrompeu a produção de itens como peças técnicas industriais, lençóis de borracha, pisos e isolante elétrico. Os produtos destoavam no novo propósito da empresa. O foco ficou nas áreas de educação e saúde, com destaque para produção de itens para o uso no dia a dia por pessoas com deficiência e materiais escolares sem personagens infantis.
A coluna foi recebida na fábrica em Santa Cruz do Sul, que tem cheiro de borracha e traz a memória do material escolar recém comprado. Relembre: Virada na Mercur teve fim dos cargos de chefia e dos personagens infantis
Já no ano passado, a coluna noticiou o projeto da empresa de deixar de fazer publicidade infantil. Veja aqui: Após retirar personagens de produtos, indústria do RS para com publicidade infantil
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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