A coluna tinha avisado que o aumento nos preços dos medicamentos seria bem maior do que se pensava. Os 4,88% de reajustes anunciados na metade do mês passado eram apenas parte da equação, que, agora, se mostrou inteira na autorização do governo federal para elevações a partir desta quinta-feira (1º): +10,08% (nível 1); +8,44% (nível 2) e +6,79% (nível 3). A resolução do Conselho de Ministros da Câmara estabelece os aumentos conforme as classes terapêuticas dos medicamentos e perfil de concorrência da substância. Eles ficam bem acima da inflação geral ao consumidor - em alguns casos, até o dobro -, que gira em torno de 5% no acumulado de 12 meses.
Os medicamentos comprometem, em média, 3,5% do orçamento familiar. Então, esse é, também, o impacto no cálculo da inflação, alerta o coordenador das pesquisas de preços da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Andre Braz:
- O impacto pode chegar a 0,30 ponto percentual permanente. Medicamentos pesam muito na inflação e entram nos itens que têm preços administrados, que pesarão bastante neste ano. Atenção, também, para o aumento em dobro dos planos de saúde neste ano - diz ele se referindo aos aumentos dos planos que ficaram represados de 2020 e acontecem agora, além dos próprios reajustes de 2021.
Lembrando que o repasse dos medicamentos não é obrigatório. Mas a compra de remédios tem sido um dos principais destinos do apertado orçamento familiar. Inclusive, do auxílio emergencial ao longo de 2020. Além disso, o setor também tem apontado aumento forte nos custos de insumos, o que atinge diversos outros segmentos da economia. Ele é bastante "dolarizado", ou seja, é sensível ao câmbio.
Em relação aos aumentos intensos dos planos de saúde, leia também: Sete perguntas - e respostas - sobre o reajuste dos planos de saúde
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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