A coluna, às vezes, se sente a mensageira do apocalipse quando começa a avisar dos aumentos de preços, mas o alerta é para ajudar no planejamento das famílias e das empresas. Pois, além da gasolina e dos planos de saúde, os consumidores sentirão outro forte impacto no bolso em 2021: o reajuste das tarifas de energia elétrica. E elas são o principal componente da sua conta de luz.
O impacto no seu bolso é diferente do que aconteceu em dezembro, quando ocorreu a cobrança extra mensal da bandeira tarifária vermelha patamar 2. Agora, já está com o valor menor, referente à bandeira amarela para repasse do custo da geração de energia. A projeção, agora, é de reajuste anual alto mesmo, ou seja, que ficará incidindo de forma permanente na conta de luz.
Aqui na Região Sul, a alta deve ser de 12,2%. O percentual é mais do que triplo da inflação prevista para o consumidor neste ano, de 3,6%. Apesar disso, ainda é a menor alta entre as regiões brasileiras, ficando abaixo do aumento de 14,5% projetado pela média nacional. O estudo é feito pela TR Soluções, empresa de tecnologia aplicada ao setor elétrico, usando números das 53 distribuidoras e sete permissionárias do país.
Um dos vilões é o serviço de distribuição de energia elétrica, que também é associado ao Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que fechou 2020 em 23,14% pressionado pela alta do dólar e falta de insumos. Distribuidoras vinculam suas receitas a esse indicador, usando o índice nas fórmulas de reajuste. É o aumento em cascata que esses indexadores trazem, gerando a retroalimentação da inflação sobre a qual a coluna tanto fala.
Outra influência vem da Conta-Covid, regulamentada pela Agência Nacional Energia e Eletricidade (Aneel) e criada para evitar reajustes maiores nas tarifas de energia elétrica para o consumidor durante a pandemia. Por meio de uma linha de crédito, a medida garantiu às distribuidoras recursos para compensar essa perda de receita temporária. A crise econômica reduziu o consumo de energia e gerou desequilíbrio nas empresas com a sobrecontratação, o que foi ajustado com o empréstimo que começou a ser pago agora em janeiro. O aumento no custo girou em 9,5%.
Para fechar, o calendário prevê revisão nos preços de transmissão de energia. O serviço é aquele que leva a energia das usinas até os pontos de distribuição, antes de enviar aos locais de consumo.
Conta de luz
A conta de luz é composta da tarifa de energia elétrica, da bandeira tarifária e dos tributos. Aqui no Rio Grande do Sul, as maiores empresas do setor são a CEEE, que tem reajuste tarifário em novembro, e a RGE, que é do Grupo CPFL e tem data-base em junho.
Para o consumidor, resta repensar o uso da luz, já que o país se arrasta há anos sem um planejamento eficiente para garantir a energia nas estiagens que vão e vêm. Busque dicas de economia, do aproveitamento da uso da luz natural em casa, retomada dos planos para microgeração própria de energia alternativa, até cuidados com equipamentos desregulados. Converse com a família de que é preciso todos ajudarem porque, apesar de embutir muito um problema não solucionado por uma sequência de governos, o boleto terá que ser pago por você. O alerta fica, principalmente, para quem está no home office e no homeschooling, que elevam o uso da energia em casa.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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