Ter a casa própria é um sonho do brasileiro, e a época é tentadora, com juro reduzido e estímulo ao financiamento imobiliário. Mas, pensando do ponto de vista de finanças pessoais, o imóvel não deveria representar uma fatia muito grande do patrimônio familiar. Assim como o próprio nome diz, ele imobiliza o dinheiro da família. Caso seja necessário usar esse recurso, é preciso esperar para vender, ou seja, tem baixa liquidez. Ainda mais, se o dono pretende aguardar até receber uma boa proposta de compra. O ideal é não precisar vendê-lo às pressas. E nem correr o risco de perdê-lo por acumular dívidas.
Se você não consegue que a casa própria represente uma fatia pequena do patrimônio, saiba que é o que acontece com a maioria das pessoas. Aliás, muitas nem conseguem comprá-lo, mesmo com financiamentos que duram décadas. Mas é importante ter a consciência de que ele não costuma ser um investimento. Exceto quando o imóvel está bem alugado, dando como retorno um valor que cobre a manutenção e garante ainda um extra, ele não é nem um ativo financeiro. Ou, então, quando é comprado por um valor realmente baixo e passa por uma forte valorização para revenda, que cubra os custos de aquisição e gere ainda um lucro.
Na teoria, educadores financeiros costumam dizer que, no máximo, 50% do dinheiro da família deve estar parado em um imóvel, ou seja, metade apenas. Warren Buffett, o investidor mais conhecido do mundo e presidente do conglomerado Berkshire Hathaway, defende que não passe de 10%. Apesar de uma fortuna superior a R$ 65 bilhões, ele mora em Omaha, em uma casa que comprou por US$ 31 mil em 1958. Atualmente, são cerca de US$ 276 mil dólares. A comparação, realmente, é extrema, mas serve de exemplo de estilo de vida financeira.
Muitos leitores devem estar pensando que é impossível e que, então, terão que morar "de favor" para o resto da vida. Assim como em outras áreas da vida, a educação financeira não tem receita que vale para todo mundo e praticamente ninguém segue à risca tudo que os conceitos determinam. Nem mesmo a colunista. Essa também é uma decisão particular de cada família, que envolve questões financeiras e, sim, também emocionais. Mas o conhecimento torna a decisão consciente e sinaliza que talvez outros gastos tenham que ser a compensação, o que é praticamente uma regra no campo das finanças pessoais.
Em tempo, cuidado com a prestação da casa própria ao assumir um crédito imobiliário. O financiamento do imóvel não deve comprometer mais de 30% da renda mensal da família. É um percentual difícil de cumprir, sabemos, mas importante para a tranquilidade financeira. Lembre-se que é uma dívida de longo prazo.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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