Empresa gaúcha especializada na inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, a Egalitê foi uma das premiadas do Zero Project, uma iniciativa internacional com foco nos direitos para PCDs. A divulgação dos vencedores aconteceu nesta quinta-feira (3), data em que é comemorado o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. A coluna conversou com o CEO da Egalitê, Guilherme Braga. Confira:
Quais as dificuldades para entrarem no mercado de trabalho?
A principal barreira enfrentada pelas pessoas com deficiência é o "capacitismo". Esse pode ser um conceito novo para muitas pessoas, mas se trata do preconceito e discriminação contra a pessoa com deficiência. Durante muito tempo, PCDs foram vistas pela sociedade como incapazes. Muitas vezes, o capacitismo atua de forma invisível em interações e gera vieses inconscientes, prejudicando a entrada e ascensão profissional. Um exemplo disso está no fato de a sociedade julgar incrível uma pessoa com deficiência com diploma universitário, família e filhos. Esse tipo de leitura traz à tona a inferiorização das pessoas com deficiência, marcadas como incapazes ou inaptas para tomar decisões de forma autônoma pessoal e profissionalmente. A grande barreira é a sociedade perceber as pessoas além da sua deficiência, enxergando todo o seu potencial para o mercado de trabalho e não apenas as limitações.
E quais os desafios das empresas e empregadores?
Ouvimos diariamente das empresas que o desafio é encontrar profissionais com deficiência, contudo, essa é uma visão equivocada. Possuímos uma base de 65 mil candidatos, mas, mesmo assim, algumas empresas têm dificuldade de preencher as vagas. O principal motivo é a falta de entendimento do processo de inclusão, restrições a deficiências mais severas e a falta de flexibilidade. A empresa deve estar aberta a adaptar sua estrutura, processos e ambiente para receber profissionais com deficiência. Fazendo isso, estará criando uma cultura mais inclusiva e poderá colher os benefícios de ter uma força de trabalho mais diversa. São inúmeros os resultados positivos comprovados por estudos: redução da rotatividade, aumento da satisfação dos funcionários e aumento de produtividade.
Sobre as barreiras que ainda existem, o problema do não cumprimento das cotas, os problemas de comunicação de vagas. Quais são as possíveis soluções?
A empresa não deve focar na Lei de Cotas, mas, sim, na construção de uma cultura corporativa mais inclusiva. Dessa forma, estará abrindo as portas para realizar a inclusão e não apenas empregar uma pessoa com deficiência. O principal ponto é gerar o que chamamos de acessibilidade humana, ou seja, as pessoas que fazem parte da empresa estarem preparadas para o processo de inclusão. Ultrapassando essa barreira, a empresa estará dando um grande passo em direção à derradeira inclusão, estando mais empática e atenta a outras necessidades de adaptações para as pessoas com deficiência. Uma barreira física é fácil de identificar e atuar, mas, quando temos uma barreira atitudinal, pode trazer uma grande complexidade para o avanço do projeto. Ao realizar essa transformação, o cumprimento da cota se torna uma consequência de todo o esforço realizado.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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