Especializada em fundações para obras, com participação em projetos como a Arena do Grêmio e o novo Beira Rio, a Serki reestruturou o negócio, quitou as dívidas e, com isso, saiu da recuperação judicial. A Justiça decretou já, oficialmente, o encerramento do processo, iniciado em 2018.
Atente-se, leitor, porque a notícia é rara. Dificilmente, empresas conseguem sair da recuperação judicial. Pesquisas apontam que os casos de sucesso giram em torno de 15% apenas. Há mais de um motivo, mas o principal é não acertar o "timing", ou seja, o momento correto de fazer uso do mecanismo, criado exatamente para que a empresa tenha um tempo de fôlego para se recuperar e não ir a falência. Em muitos casos, a companhia pede recuperação judicial quando a situação financeira piorou tanto que a quebra está próxima demais.
A coluna noticiou a recuperação judicial da Serki ainda em 2018. A empresa sofreu o impacto da queda no volume de obras com a crise iniciada em 2015 e que originou a recessão mais longa da história do país. O endividamento da companhia era de quase R$ 25 milhões. Para sobreviver, a empresa optou por quitar dívidas com fornecedores, conduziu uma reestruturação financeira e vendeu ativos, resgatando sua posição no mercado de construção civil. O plano de reestruturação foi aprovado pelas três classes de credores. E, ao longo dos últimos dois anos, a Serki fez o pagamento de quase todos os seus credores à vista.
- Essa decisão é fruto de um árduo trabalho, nos fortalecendo após anos de muitos desafios e medidas extremas. Tivemos um período muito difícil para o segmento e estamos esperançosos na retomada na economia e no cenário pós-pandemia - avalia Sérgio Kaminski, sócio-fundador da Serki.
O processo de recuperação foi conduzido pelo escritório Scalzilli Althaus, sob o comando de Gabriele Chimelo e Eduardo Grangeiro. Mesmo com o sucesso obtido, os advogados contam que houve momentos complicados:
- Mesmo assim, nunca desistimos da empresa ou deixamos de acreditar na sua possibilidade de restabelecimento. Tivemos credores bem importantes e uma administração judicial colaborativa, que, no decorrer de muitas assembleias de credores, construiu a melhor solução para a preservação do negócio - diz Gabriele.
Com sede em Porto Alegre e quase 40 anos de fundação, a Serki realizou mais de quatro mil obras. Entre seus principais trabalhos, estão: Arena do Grêmio, novo Beira Rio, BarraShoppingSul, Shopping Iguatemi, Estaleiro Rio Grande, Trensurb e trincheiras das avenidas Ceará e Cristóvão Colombo, em Porto Alegre.
Sobre o assunto, relembre a coluna Medida tão adiada por empresas, qual a hora certa para pedir recuperação judicial?
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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