Após terem comprado por R$ 85 mil um avião da Viação Aérea Rio-Grandense (Varig), os ex-funcionários querem transformá-lo em museu e estão firmes nesta pretensão. A sucata era de um Boeing 727 que estava sendo usado para transporte de carga quando deixou de ser usado. O modelo tem três motores e foi o terceiro a ser operado no Brasil a partir da década de 70.
O primeiro passo é retirá-lo do local, e isso já demandará um grande aporte financeiro. O prazo para isso é de dois meses. Rubem Oscar Bürgel, que coordenou o grupo de compradores, conta que serão necessários R$ 60 mil para levar o avião até um aeroclube em Eldorado do Sul. Como ele é enorme, é preciso retirar as asas e a cauda.
- Será o próximo mutirão "$$$" aos variguianos (como são chamados os ex-funcionários da companhia aérea) e simpatizantes da pioneira - comenta Bürgel.
Rubem Oscar Bürgel foi tripulante da aeronave como engenheiro de voo. Para organizar a empreitada, contou com o apoio de José Aguzzolli, ex-comissário da Varig. Juntos, reuniram cerca de cem variguianos e mais 20 apaixonados, conta.
Segundo o leiloeiro, José Luis Santayana, a disputa foi um sucesso. Afinal, foram 49 lances feitos por 15 interessados de todo o país, com um valor mínimo que partiu de R$ 40 mil. Segundo ele, havia de gente interessada em apenas desmanchar o avião, até compradores que pretendiam transformá-lo em restaurante ou laboratório de estudos. No final das contas, o Boeing foi arrematado por um grupo de ex-funcionários que ainda não decidiu o que fará exatamente com a recente aquisição.
- É impressionante. Nada faz mais sucesso em leilão do que itens da Varig, desde uma caixa de fósforos, um cobertor, até um avião! - conta Santayana.
O avião foi vendido pelo Boulevard Laçador, shopping localizado ao lado do aeroporto Salgado Filho, na zona norte da Capital. A sucata do avião foi comprada pela empresa em 2012 em um leilão judicial. O empreendimento, inclusive, tem outro avião da Varig, que está reformado e exposto para os visitantes observarem.
A aeronave
A aeronave leiloada voou com passageiros até agosto de 1989, quando foi convertida para cargueiro. Em julho de 1999, sofreu danos quando ocorreu uma explosão durante manutenção no hangar 4 da área industrial da Varig, no Salgado Filho. O avião foi recuperado e continuou voando para a companhia até novembro de 2000, quando foi transferido para a VarigLog. Na subsidiária de cargas, voou até dezembro de 2006, quando foi estocado no pátio da área de manutenção da companhia.
Apesar do tempo parado, o modelo conserva alguns dos instrumentos e painéis. O avião já não conta com os motores, sendo que apenas a carenagem do esquerdo e o de cauda estão presentes. Do lado de dentro, o trijato não tem poltronas, já que era utilizado no transporte de cargas. No cockpit, faltam instrumentos na cabine. As imagens disponibilizadas pelo leiloeiro mostram os assentos para até três tripulantes. Em outra foto, é possível identificar a caixa-preta — de cor laranja — que guardava os dados de voo.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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