Os setores que já retomaram as atividades nesta segunda-feira (10) não têm amparo legal, mas tinham uma promessa de que poderiam abrir. Na sexta-feira (7), foram oito reuniões do prefeito Nelson Marchezan Junior com setores econômicos, somando cerca de nove horas assistidas pela coluna. Aliás, o último encontro teve um atraso de cerca de meia hora e os convidados foram avisados que o prefeito conversava com o governador Eduardo Leite, o que chegou a dar a sensação de quem haveria um consenso. Isso ocorreu logo após o Ministério Público Estadual ter sido acionado para agir no fato de o decreto municipal ser mais flexível do que o estadual, permitindo aos lojistas abrirem após as 16h e também no domingo.
A decisão da Justiça no final de semana mandando o varejo obedecer o distanciamento controlado do Estado foi cumprida e o varejo não funcionou no Dia dos Pais. Mas por que a prefeitura não se encaixou no modelo estadual no decreto excepcional da semana passada? A interpretação tinha sido que, mesmo com flexibilidade maior, o comércio não-essencial de Porto Alegre abriria menos tempo antes da data de vendas do que nas demais cidades com bandeira vermelha, que teve o decreto estadual publicado antes.
Isso atrasou o decretão, que liberaria praticamente todas as atividades econômicas a partir desta segunda-feira (10), exceto eventos e educação. Era para ter sido finalizado ainda na sexta e publicado, no máximo, no sábado. Enquanto isso, segue valendo o decreto anterior, mais rígido. A coluna perguntou para o secretário Extraordinário de Enfrentamento ao Coronavírus em Porto Alegre, Bruno Miragem, se o novo decreto sai ainda hoje e ele respondeu: "Tem que sair."
A mesma pergunta foi enviada ao prefeito Nelson Machezan Junior, que respondeu: "Deveria ter saído sábado". Voltou a dizer o que respondia nas reuniões de sexta, de que o modelo de Porto Alegre é diferente do Estado.
- Com esse protagonismo descabido que gerou uma decisão muito danosa aos comerciantes, vamos ter que repensar tudo. Nosso modelo é diferente do Estado. Se a cada decisão, depois de analisados todos os seus reflexos, por dezenas de técnicos de cada área, formos correr o risco de, sem nenhuma análise, a decisão ser anulada, a insegurança gerada aos empresários é insustentável - afirmou Marchezan.
Pelo que sinaliza a prefeitura, o novo decreto só sai quando estiver alinhamento com o Estado. Para não correr novo risco de ser derrubado. Em tempo, a liberação será a chance de os setores provarem o argumento de que não é a atividade econômica que espalha o coronavírus.
Sobre as reuniões de sexta, relembre o que a coluna publicou:
Um novo "decretão" em Porto Alegre deve deixar só dois setores econômicos de fora
Lojas de Porto Alegre terão novo decreto com "liberação organizada" a partir de segunda-feira
Construção civil volta na segunda-feira e com poucas restrições
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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