Nelson Eggers comandou a transformação na Fruki, grande e característica fabricante de bebidas do Rio Grande do Sul. Além dos refrigerantes, o portfólio da companhia tem sucos, energéticos, cervejas e a água mineral Água da Pedra. As entrevistas com o empresário, que agora é presidente do conselho de administração, sempre são cheias de curiosidades e aprendizados, como essa última ao programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha). Leia alguns trechos e ouça a íntegra no final da coluna:
Como o senhor fez a fórmula do guaraná?
Em 1971, inauguramos a fábrica e lançamos a marca Fruki. Ela deixou de ser pequeníssima para ser pequena. Fizemos as novas formulações das bebidas. A fórmula do guaraná, que é líder no Rio Grande do Sul, eu que fiz. Ela é minha. Quando a dor aperta, a gente se defende. Eu fui para um laboratório que tinha uma geladeira, uma pia e um balcão. Só isso. Viajei, fui a feiras e consegui desenvolver.
Como identificou que tinha chegado à fórmula ideal?
Nós fomos testando e testando. E tem até um fato pitoresco. Colocávamos o guaraná em um copo e ele ficava esverdeado. Não entendia, mas também não podia lançar um produto daquela cor. Fazia de novo, colocava no copo e, mais uma vez, estava esverdeado. Um dia coloquei uma folha branca e vi que a cor ficava outra. Vimos que tinha um quadro verde que refletia no copo e a bebida ficava dessa cor. O produto estava pronto há mais tempo.
Vocês tinham um sabor em mente?
O guaraná é uma bebida diferente. Para fazê-lo, não usamos suco, como no refrigerante de laranja ou limão. Usamos a semente. Então, ele se aproxima de um chá. O aroma e o sabor precisam ser naturais, de frutas. Então, você faz uma composição de aromas e sabores de frutas diferentes para chegar ao melhor sabor possível.
Recorde o seu início para nós, presidente.
Já complementei 60 anos de trabalho na Fruki e tenho seis filhos. E sou da terceira geração, que é aquela que quebra a empresa (risos). Meu avô que começou e faleceu jovem. Meu pai foi o genro que deu certo, eu brinco. Mas a empresa sempre foi pequena e dava para sobreviver. Eu estudava em Porto Alegre, quando fui convidado para trabalhar na empresa. Meus primos não queriam porque "não tinha futuro". Eu tinha quatro oportunidades, porque tinha um emprego na Capital, estava em estágio no Exército, tinha feito concurso na Secretaria da Fazendo e passei, e fui convidado para trabalhar nessa empresa pequena. Mas voltei para Arroio do Meio e comecei a minha caminhada.
E sobre sucessão, um assunto pelo qual a Fruki é tão conhecida no Estado, isso segue preocupando o senhor nas empresas gaúchas.
Na década de 80, assisti uma palestra que falava sobre a sucessão e comecei a seguir. Todos os meus filhos são sócios da empresa, e cada um tem o dobro de participação que eu. Na preparação deles, cursaram a faculdade trabalhando, como eu fiz. Também trabalharam antes em outras empresas, sabendo como é ser chefiado, e estudaram fora do país. A minha filha Aline Eggers é presidente da Fruki atualmente e ficará no cargo por 10 anos, que será assumido pelo filho Julio Eggers depois.
Qual a dica para os pequenos empresários enfrentarem este momento de crise provocada pela pandemia?
É preciso estabelecer a cultura da empresa, como ela irá se conduzir. Por que a igreja cristã tem 2 mil anos e não fechou? Eles têm seus mandamentos, sua cultura, missão, visão e valores. Não é só colocar na parede, em um quadro. Na cultura, está a maioria das soluções para resolver o negócio. E sabe que isso dá certo? Se as pessoas colocarem na cabeça o que querem fazer da empresa. Eu queria fazer essa empresa de bebida crescer. Saímos do endereço, melhoramos as fórmulas, queríamos fazer produtos de qualidade. Tudo sempre foi investido na empresa. Agora, tenho uma casa na praia, um apartamento em Porto Alegre, mas isso nos últimos anos. E, claro, recomendo os três pilares que temos na Fruki: a busca pelo conhecimento, a construção de bons relacionamentos e a constância de propósito.
Abaixo, confira a entrevista completa ao programa Acerto de Contas, rica em detalhes e dicas do empresário Nelson Eggers:
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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