O Banrisul fechou o primeiro semestre com um lucro líquido de R$ 377,3 milhões. O resultado representa uma queda de 42,4% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando a soma foi de R$ 655,3 milhões. Fazendo o ajuste ao tirar reservas de contingência, a retração fica em 39,7%, ainda bastante forte. O banco gaúcho com controle estatal tem capital aberto, com ações negociadas na bolsa de valores de São Paulo. Ele divulgou seu balanço financeiro ao mercado nesta quarta-feira (12).
Os motivos para o recuo semestral, segundo o Banrisul:
"(i) aumento de despesas de provisão para perdas de crédito, (ii) redução da margem financeira, (iii) redução das receitas de prestação de serviços e de tarifas bancárias, (iv) redução das despesas administrativas, e (v) menor volume de tributos sobre o lucro, refletindo a menor base de cálculo e a alteração na alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL a partir de março de 2020, com reflexos na contribuição diferida e corrente."
Considerando apenas o segundo trimestre, o lucro líquido foi de R$ 119,8 milhões. O resultado aponta um recuo de 53,5% em relação ao primeiro trimestre de 2020. Quando a comparação é com o lucro líquido ajustado do mesmo período do ano passado, a queda é de 60,8%.
Já os motivos para o recuo trimestral, conforme a instituição financeira, foram:
"Na comparação entre o 2T2020 e o 1T2020, o desempenho foi influenciado, especialmente, por (i) maior fluxo de despesas de provisão para perdas de crédito, (ii) aumento da margem financeira, (iii) redução das receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias, e (iv) redução de despesas administrativas."
Uma espécie de reserva financeira para atender à perspectiva de inadimplência, as despesas de provisão para perdas de crédito somaram R$ 780,8 milhões no primeiro semestre. Apresentaram aumento de 34,7%. A inadimplência está aumentando, mesmo com a maior parte da carteira de crédito no consignado, ou seja, com desconto em folha de pagamento. Repare que as duas justificativas de desempenho, tanto trimestre quanto semestre, apontam em primeiro lugar a provisão para empréstimos inadimplentes.
- Não foi um bom resultado no trimestre. Veio abaixo da expectativa de mercado. O banco praticou spreads menores, registrou queda na cobrança de tarifas - especialmente, na limitação do juro para o cheque especial -, não reduziu despesas em uma proporção suficiente e tem enfrentado competição crescente no seu mercado de atuação - analisa Wagner Salaverry, responsável pela área de renda variável da Quantitas Asset.
Entre os efeitos da pandemia iniciada em março, o Banrisul destaca as operações de crédito, onde houve aumenta da demanda, mas com piora na "qualidade creditícia" do cliente. O risco de inadimplência exige maior provisionamento. Por outro lado, afirma que a busca por segurança deve influenciar positivamente a liquidez do banco com aumento na captação de recursos.
"(...) entretanto, conforme os desdobramentos da crise econômica e a sua duração, este benefício poderá não mais ser observado, impactando na escalada dos custos de captação.", pondera o banco no comunicado aos acionistas.
Com o resultado vindo pior do que o esperado pelo mercado, as ações do Banrisul operam em queda desde a abertura da bolsa de valores de São Paulo, a B3. Neste final de manhã, os papéis do banco caem 1,5%, enquanto o Ibovespa sobe 0,1%.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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