Minutos após o Banco Central anunciar o corte de 0,75 ponto percentual na Selic à noite passada, os bancos começaram a enviar comunicados informando que reduziriam suas taxas também. Até mesmo porque o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) deixou bastante claro que fará um novo corte na próxima reunião, em junho, e que pode ser da mesma magnitude.
Bancões cortam juro
O Itaú Unibanco disse que o repasse será integral e que valerá a partir de segunda-feira (11). Para pessoas físicas, citou redução no empréstimo pessoal, mas não falou em novos cortes para o crédito imobiliário, que já tinha baixado em abril. Para empresas, o banco disse que aplicará a decisão nas linhas de capital de giro. Outro banco que anunciou redução foi o Bradesco. Sem especificar, a instituição afirmou que aplicaria o corte para as suas principais linhas de crédito, também a partir de segunda.
E a maior instituição financeira pública do país, o Banco do Brasil, deu mais detalhes sobre a redução que aplicará também na semana que vem. As linhas de home equity (BB Crédito Imóvel Próprio) e Crédito Estruturado (com garantias) tiveram taxas mínimas reduzidas para 0,88% e 0,83% ao mês. Já a linha de crédito para compra de veículos novos caiu de 0,60% para 0,54% ao mês. Nas operações de crédito para as empresas, a taxa da linha de Desconto de Cheques foi reduzida de 1,21% para 1,15% ao mês, enquanto as linhas de Desconto de Títulos e ACL passarão a operar, ambas, com taxas a partir de 0,88% ao mês.
E quando o juro não cai?
Apesar dos anúncios, sabe-se que muitas taxas e a própria concessão do crédito dependem da análise de perfil do cliente. Ainda mais agora, que a crise aumenta a inadimplência. Quanto maior a chance de a dívida não ser paga, mais alto o risco para o banco emprestar, elevando as restrições da liberação do dinheiro e deixando as taxas mais caras para alguns clientes. Por outro lado, os bons pagadores, com um histórico da chamada adimplência, têm mais espaço para negociar melhores condições, inclusive cogitando a portabilidade do crédito para outro banco.
Efeitos na economia
O mercado financeiro sempre antecipa movimentos baseado em projeções e previa um corte menos do juro. Com a taxa caindo para 3% e a sinalização clara no comunicado para um novo corte, teremos ajustes hoje. A bolsa tende a ter alta com a procura por ações em busca de maior rentabilidade com a renda fixa minguando seu retorno. Por outro lado, o juro ainda mais baixo afasta recursos externos, deixando menos dólares no mercado interno e elevação a cotação da moeda. Há quem fala em chegarmos aos R$ 6, depois de a moeda ter fechado a R$ 5,70 no pregão passado. Um dos objetivos do Banco Central com a redução do juro é estimular a economia no meio de uma crise sem precedentes provocada pela covid-19, mas há dúvidas sobre a força da decisão para um impacto efetivo disso no meio de tantas incertezas.
Impacto na poupança
A poupança, então, fica com a rentabilidade ainda menor. A remuneração da principal aplicação usada pelos brasileiros é atrelada à taxa de juro Selic, ficando em 70% do índice definido pelo Banco Central. Com a redução, a caderneta pagará 2,1% ao ano. Significa que o retorno está abaixo da inflação e, poranto, o dinheiro na poupança perde o poder de compra.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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