Indústria de celulose e conhecida por ter feito o maior investimento privado da história do Rio Grande do Sul quando ampliou a fábrica de Guaíba, a CMPC está trabalhando para manter o mesmo nível de produção de 2019, apesar da crise. O plano também é assegurar os 6,5 mil empregos que a companhia gera no Estado. E mais, irá comprar R$ 1 bilhão de fornecedores gaúchos em 2020, considerando materiais e a contratação de serviços. As informações foram dadas pelo diretor-geral da CMPC, Mauricio Harger, em conversa com a coluna para o programa Live GaúchaZH desta quinta-feira (7).
- Compraremos R$ 1,4 bilhão no Brasil e 70% disso fica no Rio Grande do Sul. Só na cidade de Guaíba, deixamos R$ 500 milhões todos os anos. E temos ainda um desafio triplo: manter a saúde dos nossos funcionários, a renda deles e o abastecimento de produtos nas prateleiras - comentou.
Harger afirmou que a demanda global por celulose deve cair em torno de 2%, mas o que é um privilégio no cenário atual da economia com a pandemia. A CMPC exporta 92% do que fabrica no Rio Grande do Sul, sendo que China e Europa respondem por mais da metade dos embarques. Por ser uma exportadora que importa pouco, tem se beneficiado do dólar alto, o que dá competitividade para seu produto no exterior.
Dos 6,5 mil empregos gerados pela companhia no Estado, 2,3 mil estão em Guaíba. Os demais estão divididos entre 70 municípios. Anualmente, a empresa investe US$ 500 milhões globalmente em suas unidades. Segundo Harger, a operação de Guaíba é uma das mais relevantes para o negócio, porque, sozinha, computa 43% da produção de celulose da empresa e entrega em torno de 35% a 40% do resultado do grupo.
Harger também destacou que a empresa adotou medidas e protocolos de prevenção desde muito cedo, e que isso ajudou a manter a saúde dos funcionários. Além disso, a CMPC conseguiu colocar parte de seus funcionários, principalmente quem trabalha na linha de apoio, em teletrabalho. Com acordo com o sindicato, também conseguiu fazer com que parte da equipe de produção ficasse em casa por 14 dias.
A empresa entende que alguns de seus segmentos sofrerão mais do que outros. É o caso, por exemplo, de papel para impressão, usado em livros, uma vez que as escolas estão fechadas. Já papéis de embalagem e papelão, no momento, estão com impacto neutro, porque apesar de ter uma redução industrial, as pessoas estão pedindo mais coisas em casa. Ainda há a operação de papéis de higiene e limpeza, onde houve um aumento de demanda.
- Apesar de ter segmentos negativos e positivos, esse ano deve ficar negativo e recuperamos nos próximos anos. Entendemos que serão tempos de adaptações.
Considerando o geral da economia, o diretor-geral da CMPC, Mauricio Harger, acredita que o próximo semestre será desafiador para o país.
- Ainda não se tem claridade, mas tudo indica que o crescimento da China vai cair dos patamares de 6% e se aproximar mais de 0%.
Apesar disso, a companhia segue com 100% da capacidade em operação. Sobre quebras de contrato, Harger sinaliza que a CMPC é uma empresa que prefere conversas a fazer rupturas. Como dica para empresários que possam se sentir perdidos neste momento, Mauricio Harger falou que é importante segurar dinheiro em caixa, controlar os gastos fixos e manter o capital de giro.
- Quanto ao emprego, acho que temos uma responsabilidade importante nesse momento para manter nosso melhor e manter empregos. O governo tem ajudado, com alternativas para que se tenha um equilíbrio entre empregados e empregador.
Pela expectativa de manter a produção no mesmo nível do ano passado, a empresa não está adotando medidas de suspensão ou redução de jornadas de trabalho.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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