Com uma nova queda, o preço médio da gasolina no Rio Grande do Sul é o menor encontrado pela pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP) desde setembro de 2017. O último levantamento trouxe um custo médio de R$ 4,03 do litro da gasolina comum no Estado. O preço mais baixo encontrado foi de R$ 3,77 e o mais alto, R$ 4,79.
O valor médio é 73 centavos inferior ao apurado pela pesquisa no início de 2020. Desde então, o preço do petróleo tem desabado no mercado internacional, e o tipo WTI, negociado em Nova York, cai mais 20% nesta terça-feira (28). O motivo é a desaceleração da economia com a pandemia, o que impacta no consumo mundial de combustíveis. Os acordos, difíceis de alinhavar, para redução da produção não foram suficientes para conter a queda. Na semana passada, contratos de petróleo para maio chegaram a fechar no negativo, ou seja, produtores estavam pagando para retirarem o produto, devido à demanda baixíssima. O armazenamento sai caro.
A Petrobras tem feito cortes frequentes nos preços nas refinarias, com o repasse sendo feito pelas distribuidoras e postos de combustíveis. Nas bombas, com certeza, ainda há reflexo da queda no consumo pelas pessoas que têm ficado mais em casa durante o isolamento. O dólar também costuma pressionar para cima os preços dos combustíveis, mas o petróleo cai mais do que a alta da cotação.
Além disso, o preço de pauta da gasolina comum no Rio Grande do Sul terá nova redução. Passará de R$ 4,42 para R$ 4,17 no dia 1º de maio, conforme publicação do Diário Oficial da União. É sobre ele que é calculada a alíquota de 30% do ICMS da gasolina que precisa ser recolhido pelas empresas. O valor de pauta é definido pela Receita Estadual a partir da média das notas ficais eletrônicas de vendas anteriores ao consumidor.
Cautela ao comemorar
Desde que a Petrobras mudou sua política de preços da gasolina e do diesel, o brasileiro tem aprendido a associar as quedas e altas do petróleo no mercado internacional a repasses para as bombas. É de comemorar a queda de agora? Não. Há outras implicações fortes dessa tensão política e econômica, sem contar que o impacto do coronavírus na saúde mundial. A redução no preço dos combustíveis por esses motivos não é saudável.
Como exportadora, o caixa da Petrobras sofre com a queda brusca no preço do petróleo. Lembrando que a empresa é uma das maiores do Brasil, movimenta cadeias econômicas inteiras e tem muitos acionistas, inclusive os pequenos que aplicaram nela seu FGTS. Químico industrial, Marcelo Gauto ainda projeta efeitos de prazo mais longo. A queda brusca no preço do petróleo provoca um efeito rebote.
— Alguns produtores reduzem investimentos e a produção começa a declinar. Os preços sobem por essa redução, algo que demora a se recuperar. Quanto mais longa for essa redução de preços, mais grave pode ser o efeito lá adiante — diz ele.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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