Braço de distribuição do grupo, a CEEE-D fechou 2019 com um prejuízo de R$ 1,082 bilhão. O balanço financeiro foi divulgado nesta terça-feira (31). Chama a atenção pela cifra, mas não surpreende. Lembrando que no ano anterior, em 2018, a empresa já tinha registrado um resultado negativo de R$ 989,345 milhões.
Ou seja, o prejuízo de um ano para o outro aumentou em R$ 93,167 milhões. Isso significa um crescimento de 9,4% no resultado negativo.
A CEEE tem ações em negociação na bolsa de valores de São Paulo, a B3, mesmo que os papéis tenham liquidez baixa. Por ser uma companhia de capital aberta, precisa apresentar os resultados trimestrais aos acionistas e demais investidores.
No quarto trimestre, o prejuízo contabilizado foi de R$ 82,84 milhões. Na comparação com o último trimestre de 2018, ainda houve uma queda de 39,4% no desempenho negativo. A coluna questionou a empresa sobre os motivos de um prejuízo desse tamanho e aguarda o retorno.
Os investimentos, por outro lado, caíram. Em 2019, foram aplicados R$ 149,1 milhões, montante que é 42,6% menor do que em 2018.
Analista de mercado e sócio da Quantitas Asset, Wagner Salaverry salienta dois pontos apresentados no passivo da CEEE:
- São as dívidas em atraso com ICMS de R$ 2,7 bilhões, bem como R$ 1,2 bilhão em provisões para benefícios a empregados, que são os gastos com plano de previdência e aposentadoria). Isso fez a CEEE-D fechar 2019 com um patrimônio líquido negativo de R$ 3,7 bilhões. A dívida da empresa dobrou em um ano.
A CEEE-D tem concessão para exploração dos serviços públicos de distribuição de energia elétrica no Rio Grande do Sul. Atende 72 municípios, com 1.743.491 unidades consumidoras. É controlada pela CEEE-Par, holding que tem o governo gaúcho como acionista controlador.
Geração e Transmissão
Já o braço de geração e transmissão do grupo ficou no azul. A CEEE-GT fechou o ano com um lucro líquido de R$ 391,23 milhões. Isso representa um crescimento de 125,6% no resultado.
O quatro trimestre da unidade teve lucro de R$ 125,15 milhões. Em relação ao mesmo período de 2018, cresceu 28,2%, beneficiado por uma questão tributária, envolvendo Imposto de Renda e Contribuição Social.
Privatização
Além disso, foi divulgado um fato relevante pela empresa dizendo que foi comunicada pelo acionista controlador da holding, que é o governo do Rio Grande do Sul, de que há a intenção de fazer uma cisão parcial da CEEE-GT. Esse é o braço de geração e transmissão de energia.
Com isso, esses segmentos seriam separados. Faz parte da estratégia de privatização da empresa. O procedimento, claro, ainda precisa de autorizações diversas. O governo gaúcho deve apresentar ainda estudos técnicos sobre o processo.
Ainda em 2019, a coluna publicou a intenção de outras empresas em comprar a CEEE, com destaque para a CPFL Energia. A privatização estava prevista para 2020, mas muitas decisões podem ter alteração pela pandemia de coronavírus. A conferir.
Resposta, na íntegra, enviada pela presidência do Grupo CEEE após a publicação da coluna, que questionou o que provocou o prejuízo bilionário:
"1. Uma despesa extraordinária de R$71,5 M relacionada ao encerramento no sistema de obras que já haviam terminado, mas que não haviam sido formalmente encerradas. Quando ocorre um encerramento nestas obras o custo relacionado a pessoal, material e serviço transita pelo resultado;
2. R$56,1 M de provisões relacionadas a processos trabalhistas, sendo uma de R$18,0 M do Senergisul. No seu conjunto, houve 722 novas ações trabalhistas de funcionários em atividade na companhia, funcionários desligados, funcionários de empresas terceirizadas e dos sindicatos.
3. Uma reclassificação de processos trabalhistas da CEEE-GT para a CEEE-D, que estavam erroneamente alocados na CEEE-GT, que impactou o resultado em R$22,0 M.
Excluindo os eventos extraordinários as despesas com pessoal, material, serviços e outros estão controladas e estáveis.
4. Uma diminuição no volume de energia vendida, de 2,3% (total) e de 3,8% no mercado cativo."
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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