A Teikon está saindo, fisicamente, da fábrica da HT Micron, na Unisinos, em São Leopoldo. Junto com uma redução na operação da empresa, a transferência foi confirmada pelo empresário Ricardo Felizzola, que é presidente da Teikon e também da Altus, que são do Grupo Parit.
A HT Micron é uma empresa de semicondutores criada em 2009 como resultado de uma parceria entre Brasil e Coreia do Sul. Na época, a empresa passou por uma grande badalação, com diversas cerimônias e anúncios de políticos e empresários. A joint venture reunia as gaúchas Altus e Teikon, por meio do Grupo Parit, com a coreana Hanna Micron.
Quando o empreendimento foi lançado, as empresas falavam em 10 mil metros quadrados com capacidade para produzir até 360 milhões de chips por ano no auge da produção, gerando cerca de 800 empregos diretos em até quatro anos. Até então, tinham sido investidos R$ 110 milhões, com a promessa de um aporte de mais R$ 260 milhões nos anos seguintes. A universidade cedeu o terreno para a construção da fábrica.
— Quando a gente preparou o avião, na hora de decolar, faltou ar e sustentação. Tinha muito vento — a analogia foi usada por Felizzola para explicar o motivo de a HT Micron não ter emplacado como se anunciava.
O Grupo Parit chegou a ser sócio da HT Micron, mas saiu em 2016. Felizzola, no entanto, ficou com participação minoritária.
— Temos tentado orientar como conduzir as coisas aqui no Brasil. É muito difícil, como qualquer projeto que traga executivos do exterior para conduzir os negócios. Precisa ter conhecimento de legislação e da forma de fazer o investimento. A HT Micron vai continuar, mas tem que se reciclar.
O Grupo Parit emprega 350 pessoas atualmente. Já a HT Micron tem cerca de 200 funcionários.
— Fomos convidados a nos retirarmos da fábrica e estamos agora redimensionando a Teikon. Houve 35 demissões. A HT Micron está com controle coreano. Já a Teikon é 100% brasileira.
Ricardo Felizzola lembra que, em 2019, o governo brasileiro alterou a lei de informática para atender a exigências da Organização Mundial do Comércio (OMC). Isso exigiu uma reformulação da atuação da Teikon no mercado e uma revisão da relação da empresa com a HT Micron. A Teikon irá, então, para o prédio da Altus, que também é do Grupo Parit e fica em São Leopoldo.
Elevadores da Hyundai
Outro investimento sul-coreano que não emplacou como o esperado no Rio Grande do Sul foi a fábrica da Hyundai Elevators. A unidade foi inaugurada em 2014 e, dois anos depois, suspendeu a produção de elevadores na fábrica de São Leopoldo, no Vale do Sinos. O investimento na operação foi de R$ 65 milhões. Na época, foi anunciada uma capacidade de produção de 3 mil elevadores por ano.
Ouça mais detalhes na entrevista do empresário Ricardo Felizzola ao programa Acerto de Contas (domingo, às 6h, na Rádio Gaúcha):
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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