Pela segunda semana consecutiva, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) identificou queda no preço da gasolina comum no Rio Grande do Sul. A média do litro teve redução de seis centavos, passando para R$ 4,59.
O levantamento encontrou valores entre R$ 4,26, em Porto Alegre, até R$ 5,38, em Bagé. Chama a atenção, portanto, o preço da Capital. Ele foi encontrado em um posto na Avenida Eduardo Prado, 1550, bairro Ipanema, na Zona Sul. Na pesquisa, ainda apareceram postos com gasolina a R$ 4,29 nos bairros Cavalhada e Belém Novo.
Leitores, no entanto, avisam que já encontram neste sábado (14) preços de até R$ 4,19. Certamente, já é reflexo após a Petrobras ter anunciado corte de 9,5% no preço da gasolina comum na refinaria. Os valores menores passaram a valer nessa sexta-feira (13) e o repasse para as bombas deve se intensificar nos próximos dias, quando, por exemplo, também diminui os preços sobre os quais a Receita Estadual calcula o ICMS, que tem alíquota de 30% sobre a gasolina no Rio Grande do Sul.
O tombo na cotação do petróleo no mercado internacional abriu espaço para a redução dos preços nas refinarias, onde os valores são definidos pela estatal. A definição de preços é livre nas distribuidoras e também nos postos de combustíveis. No entanto, pela dimensão no corte, esse repasse tende a ocorrer significativamente para as bombas. A Petrobras também considera o câmbio nos ajustes de preço, mas o dólar tem subido menos do que a queda do petróleo.
Pico de preço em 2018
A gasolina segue cara? Sim, mas o pico histórico de preço da gasolina nos postos gaúchos foi em outubro de 2018, quando o petróleo estava em forte alta no mercado internacional. Naquela época, a ANP chegou a divulgar uma média de R$ 4,95 no Estado.
Petróleo
O petróleo já vinha caindo desde o início do ano, mas acelerou o recuo com o avanço do coronavírus, desacelerando a economia e projetando uma demanda menor pela commodity. Só que a situação se agravou quando a Rússia não entrou em acordo com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que buscava um consenso de redução de produção para sustentar preços. Em retaliação, a Arábia Saudita anunciou no final de semana passado que elevaria produção e daria desconto nos preços. Com isso, os preços do petróleo despencaram nos mercados mundiais.
Cautela ao comemorar
Desde que a Petrobras mudou sua política de preços da gasolina e do diesel, o brasileiro tem aprendido a associar as quedas e altas do petróleo no mercado internacional a repasses para as bombas. Com o avanço do coronavírus, a economia global dá sinais de desaceleração, o que reduz o consumo de combustíveis e provoca queda no preço do "ouro negro".
Isso vinha se intensificando nas últimas semanas, inclusive fazendo a Petrobras já cortar os preços nas refinarias. A última redução tinha ocorrido no final de fevereiro, quando os preços do diesel foram cortados em 5% e os da gasolina, em 4%.
É de comemorar? Infelizmente, não. Há outras implicações fortes dessa tensão política e econômica, sem contar que o avanço do coronavírus gera preocupação social, além de elevação de gastos. A redução no preço dos combustíveis por esses motivos não é saudável. O mercado financeiro sabe disso, provocando a queda nas bolsas neste início de semana.
Como exportadora, o caixa da Petrobras sofre com a queda brusca no preço do petróleo. Lembrando que a empresa é uma das maiores do Brasil, movimenta cadeias econômicas inteiras e tem muitos acionistas, inclusive os pequenos que aplicaram nela seu FGTS. Químico industrial, Marcelo Gauto ainda projeta efeitos de prazo mais longo. A queda brusca no preço do petróleo provoca um efeito rebote.
— Alguns produtores reduzem investimentos e a produção começa a declinar. Os preços sobem por essa redução, algo que demora a se recuperar. Quanto mais longa for essa redução de preços, mais grave pode ser o efeito lá adiante — diz ele.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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