Lembram quando a coluna Acerto de Contas publicou no mês passado que apenas dois setores foram responsáveis, juntos, pelo fechamento de quase 9 mil empregos com carteira assinada no Rio Grande do Sul nos últimos 12 meses? Eram eles: a construção civil e a indústria calçadista. Pois os números de ambos só pioram, conforme mostram os dados do CAGED de maio, divulgados pelo Governo Federal.
Apesar do resultado positivo do geral do Estado no acumulado de um ano, com criação de 12 mil empregos, esses dois segmentos econômicos se destacam negativamente com os piores desempenhos. Juntos, acabaram com 9.587 vagas formais de trabalho. É o dobro do que foi fechado por todos os demais 23 segmentos monitorados no CAGED.
Separada do segmento de tranformação, mas também chamada de indústria, a construção civil, sozinha, fechou 5.323 postos de trabalho em 12 meses. Em maio, o resultado foi -223. Um dos primeiros setores que sentiram a crise econômica, não consegue de jeito algum concretizar o discurso otimista dos empresários e a tão falada retomada passa por sucessivos adiamentos. Sem renda e sem confiança para gastar, a construção não deslancha. Não adianta.
O segundo pior é a indústria calçadista. Em 12 meses, as fábricas gaúchas de calçados extinguiram 4.264 empregos formais. Só maio teve o fechamento de 1.648 vagas. A associação do setor informou que abril teve o primeiro aumento de produção registrado em 2019. No entanto, ainda não apareceu no mercado de trabalho, pelo visto.
O papel da indústria no emprego
A indústria é chamada de motor do crescimento econômico, não só por estimular os demais setores, mas pelas características do emprego que costuma gerar. Mesmo após a grave crise de 2014-2016 e a pouca recuperação desde 2017, a indústria é o terceiro setor mais empregador e o que mais contrata com carteira assinada, assegurando rendimentos maiores e mais regulares, o que permite uma melhor inserção de seus ocupados no mercado de crédito.
O levantamento é do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial. Das 10,4 milhões de pessoas empregadas pela indústria de transformação no primeiro trimestre de 2019, 63% tinham carteira assinada, relação muito maior do que nos serviços e no comércio, segundo o IEDI. Os salários pagos pela indústria eram cerca de 10% acima da média geral do setor privado, sendo que na maioria de seus ramos o diferencial positivo é ainda maior.
Por isso, que o fechamento e a crise em indústrias preocupa tanto. Veja o que a coluna Acerto de Contas publicou recentemente:
Fabricante da marca Deca, Duratex fecha indústria no RS e demite 500 funcionários
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Por outro lado, o varejo tem trazido boas notícias:
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