A inadimplência entre os gaúchos despencou desde o início de 2018, conforme uma pesquisa da Fecomércio-RS (Federação do Comércio de Bens e Serviços do Rio Grande do Sul). A entidade divulga mensalmente um levantamento com o resultado de entrevistas com famílias gaúchas, ou seja, calcula a partir de uma amostragem.
Uma das perguntas feitas é se a pessoa está com contas em atraso. Em janeiro, 16,7% das famílias disseram que sim. No mesmo mês do ano passado, eram 46,2%, o maior valor da série histórica da pesquisa. Ou seja, houve um recuo de 64%.
O recuo tão forte surpreendeu a coluna Acerto de Contas, que buscou mais informações com o departamento de economia da entidade. Segundo a economista Giovana Menegotto, não foi um resultado pontual de janeiro, mas um movimento observado ao longo dos meses de 2018.
O motivo não é, necessariamente, positivo. O passado recente de inadimplência dos consumidores, intensificado durante a crise, deixa o acesso ao crédito mais restrito. Varejo e financeiras relutam em emprestar dinheiro para essas pessoas. Então, cai o endividamento e se reduz, também a inadimplência porque não são assumidas contas para serem atrasadas.
— Esse indivíduos, fora do mercado de crédito, não podem contrair mais dívidas, o que abre espaço para regularização de contas atrasadas ao longo do tempo, refletindo-se em quedas nas taxas de inadimplência — complementa Giovana.
Para o comércio, é bom existir um "endividamento saudável". A situação ocorre quando o consumidor tem acesso a crédito e sente-se seguro para comprar assumindo dívidas. É importante, no entanto, ter a capacidade de pagamento dos débitos, para que não se torne inadimplente. Mesmo assim, a coluna já ouviu de um lojista que até uma "inadimplência saudável" era boa para redes de lojas que tambéma atuam como financeiras e lucram com o juro pago pelo cliente que atrasa a conta.