A taxa de desemprego caiu ao longo de 2018. O IBGE ainda não divulgou o fechamento do ano, mas a tendência é trazer uma nova redução até mesmo porque é o período de contratações para o Natal.
No entanto, as divulgações vêm acompanhadas sempre de ponderações. Seja o ritmo lento de queda, seja a informalidade. Por isso, a coluna Acerto de Contas resolveu destacar aqui quatro aspectos desfavoráveis no mercado de trabalho listados pelo Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial. E que o Iedi diz que "não podem ser ignorados".
Veja:
1 - Intensidade da melhora: em um ano, a taxa de desemprego caiu de 12% para 11,6% apenas, considerando o resultado do trimestre encerrado em novembro. Iedi alerta que a melhora relativa é cada vez menos provocada pela criação de postos de trabalho, já que o aumento da população ocupada perdeu força ao longo de 2018.
2 - Qualidade dos empregos: as novas vagas são basicamente sem carteira de trabalho por conta própria. Costumam ter rendimentos menores e mais irregulares, comprometendo o acesso ao mercado de crédito e restringindo poder de compra.
- Ocupação total: +1,24 milhão de pessoas em set-nov18/set-nov17
- Trabalho com carteira assinada: -256 mil pessoas
- Trabalho sem carteira assinada: +521 mil pessoas
- Trabalho por conta própria: +772 mil pessoas
- Setor público: +216 mil pessoas
- Empregador: +75 mil pessoas
3 - Subutilização não tem caído: enquanto o número de desocupados recuou 2,9% , subiu em 8,8% o número dos que trabalham menos do que poderiam ou gostariam, chamados de subocupados por insuficiência de horas trabalhadas. Também aumentou em 3,7% a força de trabalho potencial, com avanço de 9,9% do desalento.
"Em outros termos, a crise do emprego no país foi tão grave que desestimulou as pessoas de procurarem emprego (desalento) e sua recuperação tão modesta que a obtenção de uma vaga não assegura, no caso de muitas pessoas, a ocupação de todas as horas de que disponibilizariam para exercer uma atividade profissional" - analisa o Iedi.
4 - Dinamismo do rendimento das famílias: depois de crescer em torno de 2,5% a cada trimestre ao longo de 2017, o rendimento real médio tem ficado praticamente estagnado nos últimos meses, chegando a +0,1% na última medição. Assim, a massa de rendimentos reais, que é a base do mercado consumidor interno, reduziu o crescimento trimestral médio de +3,7% para apenas +1,6%.