A Agência Nacional de Energia Elétrica cancelou o projeto de usina térmica da Bolognesi em Rio Grande. O voto foi do relator do processo na Aneel, diretor Reive Barros dos Santos. A decisão foi acompanhada pelo resto da diretoria, conforme a agência reguladora informou à coluna.
Já tinha ocorrido a revogação da Termelétrica Rio Grande S.A, controlada pela Bolognesi Energia, mas a Aneel adiou a decisão. A agência trouxe para o final de agosto o prazo para que a Bolognesi comprovasse condições de construir a usina ou a vendesse. Recentemente, o grupo New Fortress Energy, dos Estados Unidos, confirmou o interesse em assumir o projeto, mas não foi o suficiente para a Aneel.
"Diante do exposto, considerando (i) que não foi comprovada evolução na estruturação do negócio ao longo desses sete meses, (ii) e que o descumprimento dos CCEARs por um empreendimento de grande porte como esse traz grande repercussão ao Setor Elétrico e (iii) a baixa expectativa de que nos próximos 27 dias a empresa obtenha a comprovação de todos os licenciamentos e contratos exigidos para viabilização da UTE, as áreas técnicas recomendaram, com o que eu concordo, a continuidade do processo de revogação da outorga de autorização da UTE Rio Grande." — trecho do voto do relator.
A UTE Rio Grande teria capacidade para gerar 1,2 gigawatt. Projeto que se arrasta há anos e por vários governos estaduais sem sair do papel. Receberia investimento aproximado de R$ 3 bilhões. A ideia era construir um terminal de importação de GNL no porto de Rio Grande, além de uma unidade de regaseificação e uma de armazenamento. A energia a ser gerada por essa térmica foi vendida em um leilão A-5 realizado em 2014, com início de fornecimento previsto para 2019, que foi adiado para 2021.
Sócio diretor da Gas Energy e consultor do projeto, Marco Tavares argumenta que uma vasta documentação foi apresentada, mas não recebeu análise por parte da Aneel. Informa que irão recorrer de forma administrativa, aguardando o início do prazo de dez dias após a públicação.
— As obras precisam começar em março de 2018, o que garante que a usina fica pronta no prazo exigido para fornecer a energia. É um projeto viabilizador do Estado — afirma Tavares.
Afirma ainda que a empresa norte-americana tem condições de garantir o projeto e que isso está comprovado nos documentos. Ou seja, Tavares tem expectativa de reverter o cancelamento.