Governar é ato de confiança mútua, seja qual for o tipo de governança. Numa casa ou escola, no trabalho e em qualquer atividade humana, governantes e governados estão unidos por um objetivo comum. Podem divergir quanto ao modo ou a forma, e até reclamar ou divergir, mas confiam entre si.
O poder político, porém, quebrou essa norma de confiança e convivência. Surgiram diferentes déspotas governando contra os governados e até impondo o terror. Hitler, Stalin e as ditaduras sul-americanas foram modelos de horror no século 20.
Nas democracias como a nossa, no Brasil, é comum o governante destruir a confiança recíproca e impor regras de vida aos governados. Os que mandam (sejam presidentes, governadores ou, até, prefeitos) imitam os velhos reis absolutistas ou os recentes ditadores e jogam no lixo a regra básica da convivência democrática – a confiança recíproca.
Agem como se o povo fosse um monturo de lixo apodrecido. Com pose de justos, impõem modos e estilos que perpetuam a ignorância, cultivando e expandindo a violência.
Os anos de Lula-Dilma (com o PT escorado na voraz “base-alugada” do MDB de Temer e do PP de Maluf) abriram as portas à corrupção. A frase de Lula – “nunca os bancos lucraram tanto” – gabava-se do que devia sentir vergonha. As migalhas da “Bolsa Família” (R$ 80 por filho) eram confundidas com riqueza.
O vice-reinado de Temer & Cia. notabilizou-se pela correria. Exemplo do “corre-corre, senão o bicho pega”, foi o assessor presidencial Rocha Loures, filmado pela Polícia Federal na rua, correndo com uma mala com R$ 500 mil, parcela inicial da “ajuda” de R$ 20 milhões destinada ao vice-rei.
Neste horror, o candidato que pregava a violência e, com dedos e braços, imitava revólver e fuzil “contra os bandidos” elegeu-se presidente da República.
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Agora, no 15 de Novembro, 130 anos da República, foram exatos 10 meses e meio do novo governo.
O modo de governar saiu do esboço e virou realidade, mas parece, até, que voltamos à monarquia.
Quem governa é “a família real”. Ou a prole, com os três filhos-homens à frente, pois no quarto (como disse o próprio Bolsonaro) “o pai fraquejou e veio mulher”...
A intolerância começou com o lulismo-petista, mas virou visão fanática com o bolsonarismo. E (já disse aqui) o fanatismo permite tudo. Quanto mais cruel, sibilino e perverso for, mais a cegueira fanática se regozija.
A soltura de Lula mostrou que a prisão só lhe serviu para copiar o que Bolsonaro tem de pior, nunca para meditar e pensar num país sem ódio, construído por todos. O torneio de palavrões entre ambos culmina, agora, com Bolsonaro mudando de partido de novo, pela quinta ou sexta vez, como se trocasse cueca ou camisa suada.
Ou como se partido fosse trampolim para o poder único do chefão, como Hitler e Stalin?