Nada é mais belo do que ensinar e educar. Levar ao outro o que sabemos e ele ignora é ato concreto de amor profundo, que nem a morte destrói. Ao morrermos, o saber fica e povoa a Terra.
Por isto, nada dói mais do que greve de professor. Com ínfimos salários, há anos em contínuo atraso, no desespero pela desatenção pedagógica do governo, o magistério conta apenas com a paralisação em busca do justo. Educar não é só profissão. É vocação sacralizada, sem a qual seríamos só um amontoado informe e sem rumo.
Todo professor ama a sala de aula e o desafio é fazer com que o aluno tenha igual amor. Deixar de ensinar é suplício. Minha velha professora de Filosofia, a catolicíssima Zilah Totta, chorava ao organizar as greves do Cpers, que ela dirigiu nos anos 1980, mas sabia que era o único caminho contra o injusto.
Agora, em nova greve, mesmo parcial, os professores seguem buscando justiça. Mal remunerados (vale a vocação por amor), o Estado ainda lhes paga em conta-gotas, em tom de esmola para saciar a fome. Todos os altamente remunerados postos do Judiciário e do Legislativo recebem em dia, mas o magistério segue à míngua…
Na área federal, a redução de 30% das verbas reduzirá as universidades a papagaios repetidores de textos, sem pesquisar. Confundindo o que seja educar, Bolsonaro vê antropologia, sociologia e filosofia como um estorvo. Desconhece que os Estados Unidos são o país com mais antropologos do mundo, e que, em filosofia, só são superados pela França e Alemanha.
Aqui, o feio se apossa da educação.
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Nada é mais belo do que o amor e, nele, o erotismo é joia incrustrada com sedutora ternura. Cabeça, alma e o ardor das entranhas se reúnem no prazer erótico.
Nada, porém, é mais abjeto e aviltante do que a perversão do sexo e sua transformação em mero objeto descartável. Combinado com prostituição, rebaixa a própria fisiologia humana. Feminino e masculino negam-se a si mesmos, jamais se completam.
Nessa quinta-feira, dia 2, este jornal retratou a hedonista perversão do chamado “sofazão”, a casa de “troca de casais” que agora encerrou suas atividades na Capital. Na porta, “meninas” se uniam aos solitários que, com seus iguais, viviam a aventura do “swing”. Os assíduos, porém, eram casais (ou pares, de fato) em busca do “novo”, talvez por não procurarem ou não terem encontrado a exuberância do “velho”. O encontro mórbido fazia do erotismo um boneco e do amor uma cloaca com perfume francês.
O belo sumia. O feio era rei.