Lembro do primeiro site que acessei na vida. Era a página oficial do Iron Maiden na época do disco The X Factor; portanto, deve ter sido em algum momento a partir de 1995. Naqueles primórdios da internet comercial no Brasil, a imagem de Eddie, o monstruoso mascote da banda, apareceu lentamente na tela do computador em formato GIF, um borrão de pixels que lentamente se tornava mais nítido, emocionando o meu eu adolescente. Talvez uma lágrima tenha escorrido, talvez eu esteja inventando essa parte agora, não importa.
A conexão à internet era discada, e nem sempre se conseguia de primeira. Às vezes, era necessário mais de uma tentativa e alguma frustração. Não tinha essa coisa de ficar na internet o tempo todo, até porque ocupava a linha telefônica da casa. Você conectava, fazia o que tinha que fazer (que não era lá tanta coisa) e depois saía. Para entrar na rede, era preciso instalar um CD com o software do provedor. Provedor? Ok, era uma empresa especializada em oferecer acesso à internet e e-mail.
Na família, compartilhávamos o mesmo endereço de e-mail, como se fosse o endereço da casa. Na escola, apenas eu e duas colegas de turma tínhamos internet. Não éramos um grupo de amigos, apenas três pessoas aleatórias que compartilhavam aquela novidade, então trocávamos e-mails sobre qualquer bobagem apenas para experimentar.
Sejamos sinceros, foi divertida aquela época em que a internet era um passatempo despretensioso, principalmente para quem estava em idade escolar. Conversava-se nas salas de bate-papo do IRC ou privadamente no ICQ – depois no MSN Messenger, quando a coisa começou a ficar séria. Aprendemos a linguagem HTML e brincávamos de fazer páginas, mesmo que não fossem ao ar. A novidade era o hiperlink, esse negócio de clicar em uma palavra ou ícone e ir parar em outra página. Coisa de outro mundo. Mas os paradigmas ainda se sobrepunham: com relativamente pouca coisa disponível online, os trabalhos no colégio continuavam a ser pesquisados nos volumes da Barsa, que ocupavam uma boa parte da prateleira da sala. As enciclopédias em CD-ROM já foram um passo além.
Acho que a última coisa que a nossa geração aproveitou inconsequentemente na internet foi o Orkut, antes do império do Facebook. Inventava-se grupos de debate sobre as mais variadas bobagens. Criei um chamado Indiferentes ao Michael Moore, mas poucos entendiam o espírito da coisa – também não eram lá muitos membros. A maioria entrava para manifestar contrariedade ou simpatia ao cineasta, o que exigia a minha moderação. Não importava o Michael Moore, claro, mas a piada. Depois, bem, depois veio a vida adulta.