Muitos fãs de heavy metal gostam de cantar as músicas de suas bandas preferidas bem alto em seus quartos ou em outro ambiente privado no qual a completa falta de habilidade vocal não seja notada. O caso mais curioso de jovem não iniciado na formação musical que resolveu gravar e divulgar suas desajeitadas interpretações de fã foi Anton Maiden, nome artístico de um sueco que obteve alguma repercussão na virada dos anos 1990 para os 2000 com versões absolutamente toscas de músicas do Iron Maiden.
Se tivesse se lançado nesta empreitada hoje, Anton se tornaria, provavelmente, viral. Mesmo naquela época, suas gravações caseiras circularam pelo mundo, especialmente entre fãs do Iron, por meio de plataformas de compartilhamento como Audiogalaxy, se bem me lembro. Uma pesquisa no Google Trends, no entanto, mostra que o interesse das pessoas na "obra" de Anton caiu vertiginosamente desde 2004.
Para os saudosos, como eu, ainda há diversos registros no YouTube. Sinto que ouvir Anton Maiden é mais difícil hoje do que parecia naquela época – ao contrário das grandes obras, que se tornam cada vez mais aceitas com o tempo. Sem qualquer intenção cômica evidente, ele canta os grandes sucessos do Iron com particular desprezo pelo tom e pela métrica. O recurso estético, digamos, que poderia ser disfarçado na bossa nova (perdão aos bossa-novistas), torna-se dramático no metal, gênero que exige potentes cordas vocais. Ouvir os tortuosos gritos de Anton nos trechos em que estamos acostumados com os competentes vocalises de Bruce Dickinson pode ser divertido ou irritante, dependendo do seu temperamento.
O que chama atenção nos covers de Anton é que ele não canta em cima das gravações originais, mas de bases MIDI, transformando as músicas em trilhas que lembram os jogos de videogame de antigamente. Aí está o efeito cômico: você começa a ouvir as músicas com uma expectativa, mas a singular voz de Anton introduz uma virada dramática de acontecimentos. Um verdadeiro brinde à coragem.