Quem não gosta de uma história de amor? A de Romeu e Julieta, a mais célebre delas, nunca me tocou realmente, se bem me lembro. Acho que faltava um certo senso de empatia da minha parte. Sei lá, soava meio forçada essa coisa de se matar por um amor proibido (não é spoiler se a história tem 419 anos, né?). É lindo, mas quem realmente faz isso hoje em dia? Felizmente, temos soluções menos drásticas. Por outro lado, não vemos mais poetas como Shakespeare. Não se pode ter tudo.
A história de amor que realmente fez a minha cabeça na infância – e acho que isso diz muito sobre a minha geração – foi a de Angélica e Supla no filme Uma Escola Atrapalhada (1990). Se você estiver na faixa dos 30 e poucos anos, é possível que concorde comigo. Mesmo que, assim como eu, fique um pouco constrangido de confessar. Fazendo as contas agora, calculo que eu devia ter apenas nove anos. Pensando bem... é constrangedor de qualquer forma, não tem desculpa.
Durante muito tempo, a literatura e o cinema ajudaram a criar uma visão idealizada do amor. Ou era um amor muito sofrido ou era bom demais para ser verdade. E, assim, fico aqui supondo que isso deve ter causado certa angústia nos amantes de verdade, esses de carne e osso. Por isso, tenho gostado de duas séries que vão na contramão de tudo isso: Master of None e Love, ambas da Netflix. Sei que elas não inventaram a roda, mas são um contraponto à enxurrada de comédias românticas que já vimos por aí.
Nessas novas produções, ninguém está predestinado a ficar com alguém, e os amantes têm a incrível habilidade de estragar tudo – e depois tentar consertar. Mais não direi porque sei que os espectadores de séries são sensíveis a spoilers. De qualquer forma, parece que há uma sede de histórias de amor modernas, com as quais a gente consiga se relacionar. Afinal, os romances são feitos de encontros e desencontros, e nunca sabemos qual é a temporada final. Mas, como diria David Bowie, nós tentamos.