Sentado em uma cadeira na área de embarque do Aeroporto do Galeão, enquanto aguardava o voo para Porto Alegre após uma jornada de trabalho no Rio de Janeiro, comentei com meu colega José Alberto Andrade que faria este texto para GZH sobre o Dia das Crianças. Imediatamente, ele teve uma lembrança e começamos a refletir. Na minha rotina, não tinha o hábito de comemoração deste dia. O que será diferente em 2023, mas sobre isso escrevo mais adiante.
É claro que tenho grandes lembranças de um período mágico da vida. Parando para pensar, me dou conta de que muitas delas têm relação com o que vivo hoje. Inclusive na área profissional. Por exemplo, a primeira Copa do Mundo que tenho na memória é a de 1982, na Espanha, vendo os jogos da Seleção Brasileira no sofá de casa com a minha família. A cada vitória, uma alegria. E um clima inesquecível. É claro que, no final, aquela derrota para a Itália foi triste. Mas passou.
Já na Copa seguinte, em 1986, no México, entendendo um pouco melhor as coisas, recordo bem do olhar atento da criança de 11 anos com a curiosidade de saber um pouco mais sobre as bandeiras dos países. As bandeiras do Brasil, Argentina, Uruguai, França, Inglaterra, Espanha, Dinamarca, Bélgica, Coreia do Sul, Escócia, Marrocos e por aí vai...
A cada resultado, tinha a curiosidade de ler no jornal, escutar no rádio e ver na TV um pouco mais sobre cada seleção. Gostava de me informar sobre tudo. Todo aquele clima de Copa trazia um certo fascínio. Sem falar na alegria da troca das figurinhas do álbum do torneio, que vinham nas embalagens do chiclete Ping Pong. E assim as coisas foram acontecendo nos Mundiais seguintes. Aos poucos, fui aprendendo tudo. E tudo no seu tempo. Mas o que torna esta lembrança mágica é que, anos depois, já formado e após uma longa e árdua caminhada profissional, incluindo dezenas de coberturas pelos mais variados cantos, eu estivesse trabalhando pela Rádio Gaúcha dentro do estádio em uma final de Copa do Mundo.
Foi assim em 2010, no Soccer City, em Johannesburgo, vendo inclusive Nelson Mandela no campo antes de Espanha 1 x 0 Holanda. Depois de 28 anos da primeira lembrança, lá estava eu acompanhando de perto, e agora informando, aquilo que jamais imaginei que pudesse acontecer. E foi assim em 2014, em 2018 e em 2022. É claro que quando isto aconteceu lembrei do passado. Chega a ser quase inacreditável pensar em como essas coisas acontecem na vida. Muitos daqueles estádios que via pela TV, tive a oportunidade de conhecer depois.
Voltando ao bate-papo na sala de espera do aeroporto, não tem como não pensar que, neste ano, o Dia das Crianças será diferente. Com a chegada do meu filho, Gabriel, é óbvio que a data será comemorada. Por enquanto, com apenas sete meses, acho que ele não vai entender muita coisa. Mas com certeza, no futuro, vai olhar muitas fotos desta época. E será um privilégio poder acompanhar de perto as suas escolhas, as suas preferências e as suas curiosidades sobre a vida, que vão começar a construir as primeiras memórias desta época mágica.