A venda de Marcelo Grohe, do Grêmio para o Al-Ittihad, da Arábia Saudita, anunciada oficialmente em janeiro de 2019, ganha, em 2021, uma nova revelação, com detalhes sobre o processo de saída do goleiro, que foi protagonista no título da Libertadores de 2017.
O jornalista João Paulo Fontoura, que foi assessor de imprensa do Grêmio entre 2010 e 2020, está lançando o livro Jornalismo e Vestiário: Histórias e Bastidores Contados por um Assessor de Imprensa. Na obra, o profissional dá detalhes inéditos sobre a atmosfera do vestiário tricolor após a eliminação para o River Plate na Libertadores de 2018, com o sacrifício de Grohe para atuar naquele confronto, que foi o seu último com a camisa do clube.
Em um dos capítulos do livro, João Paulo Fontoura trouxe mais informações sobre a saída de Grohe:
A Saída de Marcelo Grohe
"Aquela informação não fazia sentido para mim. Comecei a fazer alguns contatos, chequei a notícia e, por incrível que pareça, confirmei sim ser verdade, ainda que não definitiva. O goleiro, além de atuar no jogo contra o River Plate, na Arena, com uma infiltração e uma suspeita de grave lesão na mão, também fraturou uma costela em um lance da partida. A lesão na mão, pouco comum no mundo do futebol, preocupava a todos envolvidos na negociação, afinal, dela dependia dar prosseguimento ou não ao negócio. (...)
Naquele período de férias, o cargo de executivo de futebol estava em vacância. André Zanotta havia arrumado as malas para os Estados Unidos, e os dirigentes políticos Duda Kroeff, Alberto Guerra e Deco Nascimento gozavam de descanso. Uma das ligações telefônicas que fiz foi para o Guerra, e quando ouvi que era vontade do Marcelo sair, o questionei se ele havia ouvido isso da boca do jogador. A resposta negativa apenas fez seguir meu faro.
Relembrando essa história, entrei em contato também com o ex-presidente Duda Kroeff – eu estava na sala do presidente quando o Amodeo chegou com a história da tal proposta. Ele que nos passou o que estava acontecendo – recorda Duda, outro que não ouviu de Marcelo a vontade de sair. (...)
Dias mais tarde, quando da nossa reapresentação no início do ano, repeti a Renato a mesma pergunta que fiz a Guerra. E, curiosamente, ouvi a mesma resposta. (...)
Até o desfecho do negócio, nenhuma proposta manifestando desejo de seguir com o camisa 1 foi feita pelo Grêmio ou sequer algum movimento por parte de quem conduziu as conversas que sinalizasse o medo de perdê-lo. Concretizada a negociação, a ele foi apenas desejado uma boa viagem. Desejo este, aliás, certamente feito de dedos cruzados, torcendo para que a lesão na mão do goleiro não impedisse o negócio ser desfeito e assim o clube pudesse buscar uma reposição para a posição, a partir de então assumida por Paulo Victor, reserva de Marcelo desde sua chegada na metade de 2017.
Sobre a saída de Grohe, o presidente Romildo Bolzan disse, em depoimento para o autor, apenas ter chegado 'um prato feito' até ele e que não recorda quem tenha conduzido pelo clube a negociação."
Este trecho do livro deixa claro algo que ouvi em alguns momentos desde a saída de Marcelo Grohe. O goleiro esperava pelo menos uma movimentação do Grêmio para tentar a sua permanência. Mas isso não aconteceu.
Hoje, o problema do gol está resolvido, com Brenno voltando da seleção olímpica, e com Gabriel Chapecó fazendo grandes atuações. Mas, durante dois anos, em 2019 e 2020, o Grêmio sofreu sem Marcelo Grohe. No período, Paulo Victor e Vanderlei foram os titulares, mas não conseguiram se afirmar.
O livro lançado por João Paulo Fontoura conta muitas outras histórias e bastidores de fatos ocorridos nos últimos anos no Grêmio.