A grave crise que a Venezuela ganhou o mundo com as reportagens que temos a oportunidade de acompanhar. Mas ver de perto o que está acontecendo é algo marcante. Durante esta segunda-feira tive a oportunidade de circular pela região central de Maturín, cidade de 400 mil habitantes e capital do estado de Monagas. A situação é dramática e pode ser resumida em algumas palavras: filas, falta de alimentos, prateleiras vazias e insatisfação das pessoas. Ao lado de Fernando, que trabalha pintando quadros e que pediu para não ter o seu nome completo divulgado, passei por diversos locais, como supermercados, farmácias e bancos. Em todos a situação é parecida. Filas grandes e falta de produtos.
Em três supermercados tentei comprar itens básicos, como água, e em nenhum deles consegui. Esse é apenas um detalhe para ilustrar a situação, porque o que os venezuelanos vivem aqui é um drama. Todas as pessoas consultadas nos supermercados se recusaram a dar entrevistas por medo de represálias. O que eles revelam é a tristeza pela absoluta falta de condições de viver com dignidade. As prateleiras vazias são rotina. Uma cena me chamou a atenção. Em um destes supermercados não havia absolutamente nenhum produto. Os funcionários estavam sentados no chão, desolados com a situação. Outros estabelecimentos estavam fechados por causa disso. Em outro, dezenas de pessoas estava em frente ao local aguardando a possibilidade da chegada de um caminhão com mantimentos. Se o caminhão chega, eles avisam familiares e amigos.
É assim que funciona. Nos bancos, também muita fila. Em alguns casos a demora chega a três horas para sacar dinheiro. Esse é outro drama. Ter dinheiro para comprar as coisas. O salário mínimo na Venezuela é de 2 milhões de bolívares, o que equivale a cerca de US$ 2. O que mal dá para comprar 1kg de carne. Exatamente por isso muita gente está deixando o país. Em média 800 venezuelanos entram no Brasil todos os dias. Nos últimos cinco anos, a estimativa é de que 3 milhões de pessoas abandonaram a Venezuela, sendo que 200 mil estão no nosso país. A crise se acentuou em 2014, com a queda no preço do petróleo. É nesse ambiente que o Grêmio joga nesta terça-feira contra o Monagas, pela Libertadores.
Ouça o comentário de Eduardo Gabardo no Gaúcha Atualidade