O aumento da produção americana de petróleo - que ameaça os esforços de outros produtores para estimular os preços - deve continuar neste ano, disse a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) nesta segunda-feira.
Contudo, o aumento da inflação e as possíveis restrições comerciais podem prejudicar os produtores americanos a longo prazo, disse a organização em um relatório.
Os Estados Unidos não são membros da Opep - que representa mais de 40% do mercado global de petróleo.
Mas o crescimento das extrações dos produtores de xisto dos EUA - ansiosos para aproveitar a alta dos preços do petróleo desde o fim do ano passado - provou ser problemática para os esforços combinados de membros e não membros da Opep para reduzir a produção global de petróleo.
Embora esses esforços tenham conseguido elevar os preços nos últimos meses, isso também tornou a commodity mais atraente para os produtores de xisto - cujas despesas gerais são menores do que as grandes petroleiras.
A Opep alertou diversas vezes que a expansão da produção de xisto americano poderia colocar em risco o delicado equilíbrio que o mercado global conseguiu alcançar.
Em seu último relatório mensal sobre o mercado de petróleo, a Opep atualizou sua previsão de produção dos países que não integram o cartel e disse que os Estados Unidos responderiam pela maior parcela do aumento projetado.
Após uma retração em 2016, "a oferta de petróleo não pertencente à Opep teve uma recuperação em 2017 e 2018 (...). Isso foi motivado pela melhoria das condições do mercado de petróleo e pelo aumento dos preços do petróleo", disse o relatório.
O desempenho do fornecimento de países de fora da Opep em 2018 dependerá de muitos fatores, disse o informe.
"O contínuo e forte desenvolvimento da economia mundial poderia levar a um aumento da inflação e, juntamente com potenciais restrições comerciais, afetaria os custos de produção de petróleo".
Segundo o relatório, o cartel voltou a extrair menos petróleo que o limite fixado pelo acordo assinado em 2016.
O documento aponta, contudo, para a possibilidade de uma possível alta da produção da Opep para compensar uma eventual queda das exportações do Irã - diante da retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear com Teerã.
- Produção na Venezuela ainda cai -
No seu relatório mensal, a Opep informou que a produção de petróleo na Venezuela teve uma nova queda, de 4 mil barris diários, a 1,5 milhão de barris diários (mbd).
Com base em dados do governo venezuelano, o relatório aponta que o volume caiu de 1.509.000 a 1.505.000 barris por dia.
A produção está se aproximando gradualmente da de março de 1950, quando o país produzia 1,38 mbd, segundo dados da petroleira estatal PDVSA citados pela consultoria Capital Market.
O governo de Nicolás Maduro atribui a queda à má gestão da PDVSA - onde vieram à tona vários casos de corrupção - e à queda do preço do petróleo.
O petróleo gera 96% das divisas da Venezuela, que detém as maiores reservas de ouro negro e cuja crise combina hiperinflação e escassez de bens básicos.
* AFP