Em 20 anos de cobertura de Seleção Brasileira, poucas vezes vi uma preparação com tanto isolamento, foco e concentração. O CT do Tottenham fica na beira de uma estrada, a Hotspur Way, com uma enorme área verde nas cercanias. O local é uma fortaleza. Do pórtico de entrada até os campos de treinos, são aproximadamente mil metros.
Na entrada do QG do clube inglês está colocada uma placa de que é proibido parar ali para pedir autógrafos e tirar fotos. Ou seja, habitualmente este local não tem movimentação. E com a Seleção Brasileira não é diferente. Todos os trabalhos são fechados. E em frente ao CT, os torcedores não apareceram até agora.
Por curiosidade, perguntei a todos os motoristas de táxi e Uber que me conduziram até lá se eles sabiam que a Seleção Brasileira estava hospedada e treinando na Inglaterra. Nenhum sabia. Mais do que isso, ficaram surpresos. E a primeira pergunta de todos foi a mesma:
— Então Neymar está aqui?
Diante da minha resposta afirmativa, eles se mostraram realmente impressionados. Saindo da casa do Tottenham, o local com maior circulação de pessoas é Enfield, pequena cidade da região metropolitana de Londres. Passei pela rua principal, e para ter uma ideia do impacto da presença da Seleção por aqui, perguntei para 10 pessoas se elas sabiam da presença do time de Tite. As 10 respostas foram negativas.
A constatação curiosa é que, se no Brasil todo mundo quer saber da Seleção, por aqui, nos campos dos arredores de Londres, ninguém sabe da presença da equipe. Ou seja, esta etapa de treinamentos é absolutamente discreta. Exatamente o que a CBF queria. Foco total no trabalho.