Nasci em Porto Alegre, mas dois meses antes de eu fazer 5 anos, minha família cruzou o Mampituba de mala e cuia e nos mudamos para São Paulo. Assim, desde o 1º ano da escola, todo o Sete de Setembro era a mesma coisa: fazíamos uma visita ao Museu do Ipiranga. Era longe – ou pelo menos longe parecia para uma criança de sete anos (embora para “perto” até hoje não sirva) –, mas eu adorava o passeio. Os jardins do Parque da Independência, inspirados nos de Versailles, com cem chafarizes e as azaleias anunciando a primavera; as pinturas monumentais do interior do prédio neoclássico – dentre elas, é claro, Independência ou Morte, de Pedro Américo, com seus oito metros de comprimento –; as estátuas dos bandeirantes, a “casa do Grito”: era tudo puro espanto e êxtase. Um temor reverencial.
Arroio Dilúvio
Por que o riacho Ipiranga, que na letra do hino tinha “margens plácidas”, fede tanto?
Passados mais de 50 anos ainda não tenho a resposta – excetuando-se, claro, o fato de hoje eu saber o que significa ausência de saneamento
Eduardo Bueno