Tu já sabes – e se ainda não sabias, ficaste sabendo por meio dessa esplêndida e vanguardista coluna – que o objetivo de todo jornalista, bem lá no fundo, é dar o furo. Como já confessei aqui, eu mesmo nunca dei muitos ao longo de minha carreira. Mas como nunca é tarde para dar, aqui vai um furo só para ti, caro leitor de ZH. E é mais que um furo: é um rombo!
Bem informado que sou, soube de fonte segura que um bando de venezuelanos infiltrado no Brasil estaria planejando uma manifestação monstro ("monstro" no sentido de deformidade, feiura – não de tamanho) contra o Congresso Nacional e pelo fechamento do STF nesse domingo. Os objetivos do perigoso grupelho parecem claros: eles querem a instauração de uma ditadura militar no Brasil. Sim, amigos E o que é ainda pior: uma ditadura militar aos moldes da Venezuela, onde, com o apoio das Forças Armadas, o Congresso, o Judiciário e a imprensa foram sufocados e/ou cooptados. Exatamente isso, prezado leitor: tem um pessoal sonhando em transformar o nosso Brasil numa imensa república petroleira de bananas!
Mas atenção: como se trata de gente insidiosa e solerte (características de resto típicas de todo comuna), eles não planejam sair às ruas vestidos de vermelho. Para iludir os genuínos patriotas, estariam dispostos a trajar verde e amarelo! Em verdade vos digo: numa suprema afronta às cores pátrias, talvez vejamos nas ruas gente enrolada na bandeira nacional, clamando pelo fechamento do Congresso e do STF, lutando contra (quiçá até ofendendo) a imprensa, e batalhando por uma ditadura comunista! Pero no pasarán, profetizo eu, mesmo tendo que empregar o slogan em geral usado por eles.
Como na nossa amada Porto Alegre essas manifestações contrárias à democracia às vezes se dão no Parcão, e como o Parcão foi o lar original do glorioso Grêmio – não sendo portanto local propício para manifestações vermelhas (mesmo que tingidas de verde e amarelo) –, eu estava pensando em convocar os genuínos cidadãos de bem para vestirem azul no corpo e na alma e irem confrontar essa gente em pleno Fortim da Baixada. Mas desisti de fazê-lo.
Como o coronavírus é uma realidade, quem sabe se ele não fará o serviço por mim? Alem do mais, não convém que as pessoas boas saiam de casa para se meter em aglomerações nesses tempos de cólera e vírus. Agora, se esses comunistas quiserem se agrupar, que o façam. Mas caso o dito encontro ocorra, sugiro que as forças policiais mantenham os manifestantes retidos em longa quarentena lá mesmo no querido Parcão. Poderemos perder momentaneamente um parque – mas pelo menos conteremos essa ameaça à saúde pública.
Gente virulenta precisa ser contida antes que contagie as pessoas saudáveis.